A vantagem de fazer esse trabalho é poder trocar ideias com as bandas que você admira e de certa forma poder fazer parte do lance, o Desalmado é um grande exemplo de uma banda que a tempos habita as minhas playlists, com um som diversificado, com muito peso e agressividade, letras que gritam inúmeras verdades de nossa podre realidade os caras vem escrevendo seu nome no underground com lançamentos de respeito e vem pedrada nova por aí, sobre isso e mais uma porrada de coisas falamos nessa troca de ideia que você confere a seguir!
Salve galera! Desalmado existe aí na cena desde 2004,
gostaria que contassem um pouco da história da banda, desde a fase como El
Fuego, até se tornar de fato o Desalmado.
Caio: Iniciamos nossas atividades em 2004, começamos como
um sexteto, na época combinamos um ensaio com algumas covers, era um dia que
estava pra rolar um show do Napalm até, de cara foi algo bem legal. Daquele dia
em diante muita coisa rolou, integrantes saíram, entraram, mudamos o nome para
Desalmado quando gravamos o Hereditas em 2008, quatro anos mais tarde, após
nossa primeira tour na Europa, tivemos uma alteração significativa que foi a
consolidação do grupo como quarteto em 2012 e estamos assim até hoje.
Apesar da definição
do som como grindcore, o Desalmado tem um leque bem amplo de influencias em seu
som, como vocês unem todas essas referências em suas composições pra chegar a
essa personalidade ímpar de suas músicas?
Bruno: Cara, acho que levamos conosco mais o conceito do
Grind hoje em dia do que seguimos a cartilha das bandas mais tradicionais do
estilo. Se for para dar uma referência, nos inspiramos mais no que o Napalm
Death faz atualmente do que no FETO. Acho que não teria como ser diferente,
cada um de nós tem um gosto muito particular e quando vamos compor todos trazem
estas influências para o estúdio. Muita coisa vem da guitarra, dos riffs que o
Estevam traz, mas o nosso processo de composição nosso é bem coletivo. Eventualmente eu trago uns riffs e ajudo a
montar o som, o Caio vem com muitas ideias de referências e estruturas para as
músicas e o Alemão preenche com as ideias de batera. Para este disco novo, que
estamos pra gravar, nós não nos prendemos ao rótulo Grindcore, tem muita coisa
diferente no disco, muita coisa de Death Metal, Hardcore, Crust... e é claro,
Grind. Não tenho dúvidas em afirmar que é o disco mais maduro, diversificado e
pesado que já fizemos. Mas, resumindo a resposta, cada um veio de uma escola do
som pesado e teve um estilo de vida diferente, isso transparece na hora de
escrever música juntos.
Temos acompanhado em suas redes sociais que vocês já estão
em fase de pré-produção de um novo disco, quais as expectativas da banda com
este novo trabalho? E qual a previsão pra soltar o novo petardo na praça?
Caio: Acho que esse será nosso melhor trabalho, entramos de
cabeça no processo, é algo muito semelhante ao que aconteceu com o Estado
Escravo, só que agora temos uma estrutura melhor e o principal, disponibilidade
pra trabalhar em cima de novas composições. A ideia é soltar esse álbum até
junho de 2017, acredito muito que não teremos nenhum tipo de atraso.
Em 2016 vocês lançaram um Split com o Homicide, “In grind we
trust”, que obteve ótimas críticas da mídia especializada, através da Black
Hole Productions, como se deu essa parceria e o quanto é viável esse formato de
lançamento para as bandas?
Caio: Eu troco ideia com o William há algum tempo, tínhamos
tocado junto em SP certa vez, eu não lembro a data ao certo, sei que em algum
momento em 2015 conversamos de fazer algo juntos, e de repente em outubro, todo
mundo começou a se agilizar pra gravar. Teve outro lance legal quando estávamos
próximos do lançamento, surgiu interesse da Black Hole em lançar o material
físico, conversamos, acertamos os detalhes e rolou, isso foi muito foda, foi
uma grande aposta da BHP. Com relação ao formato penso da seguinte forma, o split
é bom para as duas bandas, uma divulga a outra, isso aumenta bastante o
alcance, funciona demais, é um trabalho que me orgulho muito.
Junto ao lançamento do Split vocês emendaram uma tour na
Europa, como se deu os contatos pra esta tour, e quais as maiores dificuldades
pra se toca fora do brasil?
Caio: Fomos com a mesma agencia que fez nossa tour em 2011,
a ON FIRE, dessa vez ao invés de emendar 30 dias por lá, fechamos 20 dias com
17 shows na sequência. Foi muito bom, proveitoso e extremamente corrido,
tivemos a oportunidade de tocar em um dos maiores festivais de metal de
Portugal, o Barrosellas, na mesma noite de bandas como Incantation, Jucifer,
Conan e nossos amigos do Violator, foi demais. Sobre as dificuldades pra se
tocar fora do Brasil acho que elas são sempre de ordem financeira, pra uma
banda como a gente acontecer lá fora tem que planejar muita coisa, se fizer
tudo direito o retorno vem naturalmente, tem que levar em conta que lá a
estrutura é bem melhor, meio que equilibra as coisas.
Vocês tem feito algumas apresentações com o Surra, e ambas
as bandas tem datas pra uma tour no nordeste, será um role em conjunto das
bandas?
Bruno: Exatamente, união total para fazer este rolê
acontecer. A sintonia entre as bandas é tão grande que às vezes parece que
somos uma banda só, o que é muito do caralho! Curtimos muito o som dos caras,
já fizemos alguns shows juntos e é sempre uma grande satisfação dividir o palco
com o Surra. As duas bandas seguem uma linha ideológica parecida, quem curte
som extremo com letras coerentes com a realidade não pode perder a chance de
ver essa tour!
O Desalmado tem letras críticas e politizadas e se posiciona
abertamente sobre questões atuais, em meio a todas turbulências que temos
vivido no pais, a música é uma voz pra muitas pessoas, vocês pretendem abordar
esses temas nas letras deste novo disco, já possuem algumas letras prontas?
Caio: Importante, esse álbum será em inglês, já temos nomes
e letras prontos. O direcionamento das letras continuara o mesmo, nesse novo
álbum os posicionamentos políticos se aprofundarão justamente por conta dos
problemas conjunturais do país e do mundo, em especial na luta contra o
fascismo e das ações neoliberais que atingem diretamente a classe trabalhadora
brasileira em suas garantias sociais e direitos individuais.
Não imaginávamos ter a infelicidade de viver um golpe de
estado, ver um mundo ser engolido pelo fascismo, mesmo que esse seja um fenômeno
cíclico próprio do sistema capitalista, então penso da seguinte forma, devemos
estar em uma luta frontal contra essa onda de ódio e totalitarismo, é
necessário que bandas como a nossa, façam parte da cultura que proponha uma
nova construção social, justa, igual, emancipatória, que paute a luta na
superação desse sistema de exploração e opressão. É necessário que todos os
grupos de contestação se organizem e reajam ativamente contra tudo o que está
acontecendo.
Assim como em “Estado escravo” as gravações do novo play
serão realizadas no Family Mob?
Caio: Sim, serão realizadas no FM, é nosso QG, felizmente
temos esse privilégio.
A produção ficará por conta da banda nesse novo trabalho ou
será dividida com algum produtor?
Caio: Por nossa conta, mas contaremos com apoio dos amigos Hugo Silva
e André Kbelo, a ideia aqui é ir a fundo no processo todo assim como fomos
durante as composições. Vou tentar contribuir algo nesse sentido, tentar trazer
aquele espirito noventista das produções do metal extremo, vamos ver no que vai
dar.
Um detalhe que sempre me chamou a atenção foram as capas de
seus discos, quem foi ou foram os responsáveis pelas mesmas, e qual conceito
utilizam pra escolher as artes?
Caio: Exceto a capa do Split com o Homicide que foi feita
pelo Marcelo Augusto a partir de uma idéia que troquei com ele, as outras
sempre parte, do nosso guitarrista Estevam, é ele que tem essas sacada. Ele
idealiza normalmente em cima de colagens, recortes e tal, daí sentamos e discutimos
uma coisa ou outra e ele começa a elaborar, as vezes ele chega com tudo pronto,
é nossa mente por trás de tudo relacionado a parte visual da banda.
Bom galera, deixo o meu muito obrigado pela atenção
dispensada e reservo este espaço pra suas considerações finais ou aquele salve
pra galera como bem entenderem, valeu!
Agradecemos demais pelo espaço, nunca deixem de fazer esse
trampo. Para os fãs da banda, aguardem nosso trabalho, acho que muitos vão
gostar. Continuem apoiando o underground e combatam de frente o fascismo diário
que tem contaminado a muitos. Um grande abraço.
Ouça Desalmado em:
Entrevista foda...
ResponderExcluirE como eles disseram ali no "espaço" nunca deixe de fazer esse trabalho.