quinta-feira, 21 de setembro de 2017

ENTREVISTA BOCA BRABA HARDCORE

Hoje quem tá dando as caras por aqui são os manos da banda Boca Braba hardcore de Viamão-RS, que vem conquistando seu espaço lançamento após lançamento e trabalhando forte nisso, com letras críticas e conscientes e uma sonoridade que vai além do hardcore mesclando outras referências e dando ainda mais personalidade a música desses caras que eu indico que todos ouçam, sem mais delongas, confiram nosso bate papo e saibam mais sobre a BxBxHC!!!



Fala galera, vamos partindo do zero aqui, poderia nos mandar a ficha completa da banda e um pouco de sua história? Quem são os integrantes da Boca Braba HC? Como e quando vocês formaram a banda?

A Boca Braba Hardcore surgiu da união de 4 amigos de Viamão/RS (Douglas, Mateus, Vinícius e Max) para fazer um som numa festa de aniversário, em novembro de 2014. Depois do aniversário resolvemos continuar tocando por diversão, e 2 meses depois começamos a compor músicas próprias, juntamente com a entrada do Hígor e com a escolha do nome da banda. Agora a banda está quase completando 3 anos e já conta com uma penca de shows realizados, viagens, amigos, etc. Estamos só no início, o corre não para! 



Vocês lançaram a pouco tempo um EP, “Hardcore de galpão”, como foi o processo de gravação do mesmo e quem foi responsável pela produção e mixagem? Gosto de como soa o EP.

O “Hardcore de Galpão” foi um trampo intermediário, que lançamos pra poder respirar um pouco e produzir outros materiais com calma. O resultado dele ficou muito foda, e teve uma repercussão muito boa! Gravamos ele no estúdio Calabouço do nosso amigo Hamilton Contes, aqui de Viamão mesmo, e chegamos com os 5 sons já nos cascos no estúdio, foi só plugar tudo e gravar! Gravamos tudo em um fim de semana, e em um mês o Hamilton nos entregou as músicas prontas. Gravar com ele foi muito da hora, sempre que podemos indicamos ele para as bandas que querem gravar algo, o guri é muito bom no que faz... nós gravaremos lá o próximo CD, sem dúvidas!



Quais os planos para o restante de 2017, trabalhar a promoção do EP apenas ou vocês possuem projeto para lançar mais alguma coisa ainda nesse ano?
Nem estamos fazendo tantos shows este ano, estamos indo mais na manha e tentando selecionar melhor os picos que vamos tocar, tentando tocar em lugares que não tocamos ainda, por exemplo. Estamos com data da gravação do nosso primeiro clipe já marcada, e se tudo ocorrer bem, o mesmo sai ainda esse ano. Também temos um Live completo pra lançar, que foi gravado durante um show no teatro do SESC de Canoas/RS, e temos um minidocumentário sobre nossa viagem pra Brasília. Esperamos que saia tudo nesse ano ainda!

Como tem sido a recepção aos novos sons nas apresentações ao vivo da banda e aproveitando que tocamos no assunto quais são os próximos compromissos da Boca Braba HC?

A gurizada tem curtido pra caralho o Hardcore de Galpão, os novos sons são bem mais rápidos e mais curtos. É da hora ver que em alguns shows tem gente já cantando as músicas do EP, tendo em vista que somos uma banda bem nova... é muito doido ver isso sendo que lançamos há pouco tempo este trabalho. Acho que estamos no caminho certo! Seguem as próximas datas confirmadas:

23/09 - In Underground We Trust III - Estância Velha/RS
08/10 - Rock in Ruben - Sapucaia do Sul/RS

24/11 – Espaço Urbano - Viamão/RS
10/12 - Ensaio na Praça - Canoas/RS



Existem planos para visitar outros estados levando o som da banda? Que lugares vocês gostariam de tocar se houvesse oportunidade?
O plano principal é esse, botar as bundas na estrada e viajar o máximo que aguentarmos! É claro que não podemos sair a qualquer momento os 5 dentro de um carro tocando por todo o Brasil, todos nós trabalhamos e as viagens rolam organizando com bastante antecedência. Já viajamos pra Santa Catarina em 2015, e este ano viajamos pra Brasília, que foi muito doido! A viagem que fizemos este ano nos abriu a mente e mostrou que podemos fazer várias viagens curtas durante o ano, então o plano é começar a viajar com bastante frequência!

Ano passado vocês lançaram o “Entre ratos e pulguedo”, um título inusitado, poderia nos contar como surgiu esse nome para o disco?
Desde o início da banda, ensaiamos num Galpão do sítio onde eu (Douglas) moro. Durante muito tempo deixávamos os cachorros assistirem o ensaio, eles entravam lá e ficavam deitados no nosso meio só curtindo o som... o problema é que o galpão ficou crivado de pulgas, e era um parto pra ensaiar se coçando o tempo todo. Sobre os ratos, eles sempre estiveram no galpão, desde o início. Então “Entre Ratos e Pulguedo” foi literalmente como surgiu o primeiro CD!

Ainda sobre o disco “Entre ratos e pulguedo”, como foi o trabalho de divulgação do mesmo e como vocês avaliam os resultados obtidos com o disco?
O “Entre Ratos e Pulguedo” foi nosso primeiro trabalho de estúdio, e quando gravamos ele já tinha uma galera na expectativa, então o resultado foi muito bom, repercutiu bastante na época, muita gente nos conheceu através desse CD e muitas portas se abriram também. Fizemos um evento no final de 2016 pra lançar o CD, a função rolou na Converth em Viamão, e foi um dia absurdamente foda! Este show tá registrado lá no Youtube pra quem quiser ver!

Que temas vocês procuram abordar em suas letras, que mensagem a banda busca transmitir?

Nosso vocal (Vinícius Marques) sempre buscou escrever letras trazendo à tona todos os problemas que enfrentamos todos os dias graças à corrupção que rola no nosso país. Infelizmente é uma minoria que se interessa por música com conteúdo, mas as letras estão lá, pra quem quiser ouvir. Queremos começar a passar mensagens positivas nos nossos sons também, não só falando dos problemas que tal político está causando, mas dizendo algo pra quem estiver ouvindo como não baixar a cabeça, não desistir, etc. A mensagem continua sendo passada, mas de uma forma diferente.

Em termos de influência sonora, que bandas vocês citariam que serviram de inspiração para moldar a sonoridade que vocês praticam?
Sem dúvidas temos várias influências bem marcantes que cada um de nós trouxe pra banda... Raimundos, Pavilhão 9, Vômitos e Náuseas, Ratos de Porão, Testament, Suicidal Tendencies, Biohazard, Madball, Hatebreed, etc. Claro que são apenas influências, a união de tudo que ouvimos molda o nosso som, então não necessariamente vai ser claro tudo que ouvimos no som da Boca Braba... e acho que esse é o sinal de que estamos fazendo algo legítimo!

Seguindo a linha da pergunta anterior e mantendo nossa tradicional pergunta infame, poderiam citar na opinião pessoal de cada um de vocês quais são os cinco maiores discos de rock/metal/hardcore todos os tempos?
Lucas - Dokken - Back For The Attack

Hígor – Countdown to Extinction - Megadeth

Douglas – Anarkophobia – Ratos de Porão

Mateus – The Rise of Brutality - Hatebreed

Vinícius – Lapadas do Povo - Raimundos

Numa troca de figurinhas básica aqui, poderiam nos dar um panorama de como é a cena underground por aí no RS e destacar algumas bandas locais que deveríamos conhecer?
Temos muita coisa rolando no RS, em tudo que é canto, e muuuuuuita banda boa! Começamos a ter uma visão melhor da nossa cena e das bandas locais quando começamos a tocar no Signospub, em Porto Alegre, através do Phil Barragan (organizador e músico local). Ele nos viu tocando num Ensaio de Rua de Viamão (até então nós só tocávamos na nossa cidade) e nos levou pra Porto Alegre, aí conhecemos todas as bandas que hoje estão no mesmo corre que nós! Hempadura, 9Shot, R.E.D., CxFxCx, Roleta Russa, Chute no Rim, Pull The Trigger, OÇO, Terror66, entre outras.

Gostaria de agradecer pelo tempo dispensado em nos atender e reservar este espaço para que deixem sua mensagem aos leitores do Microfonia e fãs da banda como quiser! Valeu!

Gostaríamos de agradecer pela oportunidade de falar um pouco sobre a banda aqui e pelo interesse do Microfonia em divulgar nosso trabalho, a única coisa que esperamos ganhar depois de todo nosso perrengue é reconhecimento!

Gostaríamos também de agradecer todo mundo que sempre apoiou a banda, sejam nossos amigos ou pessoas que nos acompanham mesmo distantes, vocês fazem toda a diferença!

E pra finalizar, gostaríamos de convidar todos que nunca ouviram a Boca Braba a conhecer nosso trabalho! Estamos no face, instagram, youtube, spotify, deezer... em tudo que é lugar, é só fritar!

Hardcore Lives!



https://bocabrabahardcore.bandcamp.com/releases


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Entrevista by Microfonia Underground Blog
Siga-nos no Instagram: @microfonia.underground

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

ENTREVISTA DECEIVERS



O Deceivers já possui uma trajetória longa no underground nacional, em atividade desde de 1994, os caras possuem muita bagagem e historia pra contar, em plena atividade de divulgação de seu novo disco "Poisoning", lançado recentemente e disponível pra audição nas plataformas digitais de streaming e no Youtube, os caras seguem a todo vapor e vão realizar o show de lançamento do album em alguns dias, esse e mais vários detalhes a respeito do trampo dos caras vocês podem conferir a seguir na entrevista que realizamos com a banda, respondida pelo vocalista da banda, Gregório Salles! Confiram! 



Com uma trajetória que nos remete a 1994, gostaria que vocês resumissem um pouco dessa história nos dizendo quem é o Deceivers hoje e o que mudou para vocês em termos de sonoridade nesses tantos anos de estrada?


Realmente são muito e muitos anos...tudo mudou, a qualidade das bandas de hoje, as gravações e toda a pulverização que dá para fazer no digital. Vivemos essa transição toda e acredito que todas as bandas precisam se atualizar nessa nova realidade, onde “divulgação” virou algo muito maior e mais desafiador.

Podemos considerar que vocês são pioneiros no país ao executar essa sonoridade mais moderna, mesclando thrash, hardcore, hip hop, em que artistas vocês se inspiraram quando decidiram montar o Deceivers?

Cara ouvíamos muito Suicidal, Sepultura, Machine Head do começo, DFC, Restless, Os Cabeloduro, Pantera, e até Korn (lá de 96) .... Pra se ter uma ideia trocávamos ideia com os caras do System of a Down quando eles tinham apenas uma demo iniciando na gravadora... olha só.

Vocês lançaram recentemente Poisoning, novo álbum de inéditas depois de um bom tempo, qual tem sido a reação da galera a esses novos sons?

Estamos muito animados! Excelentes comentários e aparições em sites de peso. Há pouco estivemos na lista da Alternative Press, entre as “10 bandas do Brasil que você precisa ouvir”. Sabemos que o disco ainda tem que chegar mais longe e esperamos fazer isso nesse ano e no outro.

A produção de seu novo disco ficou a cargo do renomado produtor dinamarquês Jacob Hansen, como vocês chegaram a essa escolha para produção e de que forma foi que rolou o processo?

Na verdade, o Jacob fez a masterização e finalização dos áudios, um processo próximo a uma mix final; ficamos muito felizes com o trampo dele! A produção mesmo e a mixagem ficou a cargo de Marcos Pagani conosco. Só frisando que o Pagani tem no currículo bandas como Violator e DFC, ou seja, no Brasil não vemos mão mais importante para nos dar a sonoridade que precisamos.

Essa não foi a primeira vez que vocês trabalharam com um produtor gringo, seu EP Paralytic foi masterizado por Justin Shturtz, o que vocês acharam do produto final, soou como esperavam, falando pela banda no caso, para minha audição ficou realmente foda...rs.

Valeu demais! Aquele EP tinha que soar daquela forma, era uma transição mesmo! Também gosto daquele resultado, uma sonoridade mais orgânica...

Mantendo o foco em Poisoning, que temáticas vocês abordam nas letras de seu novo álbum?

Em Poisoning as letras vão para um lado mais pesado, metafórico e protestante. Nossa sociedade está envenenada, cheia de preconceito, e vivendo a violência do terrorismo. Em outra mão, existe a esperança, gente voltada para fazer o bem. O disco traz essa dualidade no som e nas letras, temos certeza que deve trazer a reflexão!

Com todo esse tempo de estrada vocês devem vir acompanhando diversas mudanças no mercado da música, vocês consideram positivas essas novas formas de consumir música que nos são oferecidas atualmente, como as plataformas de streaming por exemplo?

Muito! É um desafio ser uma banda independente e conseguir estar no digital... nos demanda tempo e muito trabalho. Buscamos fazer isso, lançando o disco de forma digital inicialmente, e trazendo muitas plataformas para apoiar isso. Em www.deceivers.com.br tudo isso pode ser visto!

A cena de Brasília tem muitas bandas legais, tendo crescido junto da mesma e ainda vivenciando o dia a dia do underground por aí, que bandas vocês destacariam no cenário atualmente?

Cara, das mais novas destaco o Slow Bleeding, Mais que Palavras, What I Want, Kankra, Extinction Remains e o Shotgun Killa. Das mais antigas temos Terror Revolucionário, DFC, Macakongs, Miasthenia, ARD, Totem, entre muitas outras. Não existe lugar como nossa cidade para parir bandas de qualidade!

Quais são os próximos compromisso da banda, para quem quiser sacar os shows da banda?
Temos o show de lançamento agora no dia 30/09, com DFC, Slow Bleeding e Kankra. Todos os esforços voltados para essa data.

Em tempos complicados como os atuais, como é para vocês viver próximo ao epicentro do turbilhão político que vive o país? Isso influencia de alguma forma suas composições, vocês transmitem essa vivência de sua realidade diária em suas músicas?
Muito. Acredito que vivemos o momento mais apolítico do Brasil, ainda bem. Isso precisa continuar com força total.... Em junho de 2013 tivemos nas ruas a expressão mais importante de um povo que não aguenta mais tanta patifaria no comando do país e suas instituições, aquilo marcou muito e ajudou a compor letras para o novo álbum com certeza.

Olhando para sua trajetória ao longo dos anos, que fatos vocês destacariam como marcantes na história da banda?
Primeiro show com DFC no Garagem do SESC, lançamento da primeira demo e toda a repercussão, show com Sepultura no Porão do Rock, a viagem e moradia em Los Angeles nos EUA, e claro, o novo disco Poisoning!

Mantendo o velho costume de fazer perguntas difíceis, gostaríamos que vocês listassem aí um top Five de álbuns que vocês consideram seminais em toda história.

Segue os meus:
Sepultura – Chaos AD
Machine Head – Burn my Eyes
Meshuggah – Obzen
Biohazard – State of the world address
Pantera – Far Beyond Driven

Para finalizar gostaria de agradecer pela atenção e reservar este espaço para que deixem sua mensagem para a galera que os acompanha e para os leitores do Microfonia.

Agradecemos muito a oportunidade! Peço desculpas pela demora nas respostas... estávamos na correria do disco novo. Esperamos todos vocês no nosso show de lançamento, e não parem de apoiar a cena local e as bandas independentes daqui, especialmente as que fazem música marginal e subversiva, as que não se curvam para agradar nada e nem ninguém, as que estão preocupadas em passar uma mensagem qualquer.

Contato, infos:




Entrevista by Microfonia Underground Blog


Curta nossa page: https://www.facebook.com/microfoniaundergroundblog


Siga-nos no Instagram: @microfonia.underground





quarta-feira, 6 de setembro de 2017

ENTREVISTA COM BIANCA NOVAIS DA UNDERGROUND BLASFEMME

Fala galera, nossa entrevistada de hoje é uma das organizadoras da coletânea "Mosh like a Blasfemme", que compila quatorze bandas do underground nacional que possuem mulheres na formação, dando visibilidade aos trabalhos desenvolvidos pelas minas Brasil afora, o que torna o trampo ainda mais interessante devido a sua representatividade, ela é também a pessoa por trás da Underground Blasfemme, atuando na organizações de excursões e eventos underground em Brumado-BA, com a palavra, Bianca Novais!








Olá Bianca, obrigado por falar conosco, primeiramente gostaria de parabeniza-la pela iniciativa da Underground Blasfemme juntamente ao Coletivo Mosh Like a Girl e aproveitar para saber como surgiu a parceria entre vocês e como surgiu a ideia para essa coletânea?


BIANCA NOVAIS: Olá Evandro, desde já agradeço por estar aqui dando espaço para essa entrevista. Bom, surgiu depois de várias conversas, entre as integrantes que na época faziam parte do Underground Blasfemme e Mosh like a Girl. O foco das nossas ideias era levantar fundos para promover eventos, aonde seria enaltecida a representatividade da mulher no underground. Foi assim que surgiu a ideia de lançar a coletânea, nada melhor do que conseguir nossa verba para os eventos do que uma coletânea que ajudaria a divulgar várias bandas com a presença feminina, nada mais justo! O foco da coletânea também era promover essa união entre os grupos, algo que realmente falta em nosso meio, com tantas disputadas de ego, ofensas desnecessárias e afins.


Como foi o trabalho para viabilizar o lançamento da “Mosh Like a Blasfemme”?


BIANCA: Sobre a coletânea, posso resumir que todo processo foi feito a partir de parcerias, amizades, foi uma verdadeira união de diversas pessoas das mais variadas vertentes o underground. A Libertinus Records e Resistência Underground, foram nossos maiores parceiros em toda caminhada. Muitos amigos e até pessoas que até então nem conhecia, ajudaram financeiramente, como uma espécie de troca, um ‘’crowdfunding’’ digamos assim, cada pessoa recebeu cópias do material depois! Foi algo impressionante, ver tantas minas e homens apoiando nossa causa. Outra parcela veio do nosso bolso mesmo.


De que modo vocês têm realizado a divulgação do trampo e como tem sido a recepção da galera em geral?

BIANCA: Nosso principal meio de divulgação é a internet, com parceria de blogs como o seu que vem abrindo um ótimo espaço para divulgação, compartilhamentos em rede social (facebook, instagram), quase sempre montamos stand em eventos na região, através de trocas com distros/selos, bandas amigas e que fazem parte da coletânea sempre ajudam na divulgação também!








E para adquirir uma cópia da coletânea, como a galera deve fazer?

BIANCA: Pra adquirir só entrar em contato comigo aqui mesmo pelo facebook ou na página do Coletivo Mosh Like a Girl. Custa somente R$5,00 reais. É um formato bem simples, em CD-R, com uma mini-zine em seu interior, capa envelope.

Quem foi responsável pela arte de capa e encarte da coletânea, ficou bem legal a apresentação gráfica, poderia nos dar detalhes a respeito?


BIANCA: A responsável pela criação de toda arte gráfica foi a Jess Cordeiro, integrante da Libertinus Records, uma grande parceira em tudo! A ideia era ser algo bem simples, que pudesse representar a imagem da mulher que faz parte de nosso meio, ela acertou em cheio! Indico a qualquer um o trabalho dessa moça.







Como foi o processo de escolha das bandas participantes da coletânea, de que forma rolou esse contato?


BIANCA: O principal foco era escolher bandas que compartilham de nossas ideias, não apoiamos o fascismo, racismo, homofobia, sexismo, White metal, nazismo, acreditamos que isso não deve fazer parte da música underground. Cada uma de nós quis compartilhar suas influências nessa coletânea, você vê que ela percorre quase todas as regiões do nosso país, com metal, punk, crust, hc, stoner, gothic rock, desde bandas conhecidas a bandas que acabaram de lançar sua primeira faixa. Cada uma de nós mostrou um pouco de sua essência, cada uma diferente e que compartilha as mesmas ideias, acho que esse deveria ser o conceito de uma coletânea, trazer essa diversidade.

Você é a mente por trás da Underground Blasfemme, ativa no underground e levantando essa bandeira numa região fora do eixo dos “grandes centros”, o que torna as coisas mais complicadas, situação que vivemos por aqui também, já que também nos situamos no interior do estado, rolaram muitas dificuldades para tornar esse projeto realidade?


BIANCA: Sempre foi difícil realizar qualquer coisa no interior, com a coletânea não foi diferente na dificuldade, desvalorização, muitas pessoas não enxergaram com bons olhos a proposta de uma coletânea focada na presença feminina, acredito que por preconceito, machismo, boa parte do interesse veio mais de fora mesmo, mas mesmo assim fiquei muito feliz com a repercussão em nossa região mesmo com alguns comentários negativos, mas isso faz parte.











Aproveitando o gancho do assunto de atuar no underground distante de grandes centros, como foi criada a Underground Blasfemme e como você avalia as realizações conquistadas até aqui?

BIANCA: A Blasfemme no começo foi criada como um coletivo, mas pela distância, alguns conflitos de ideias, acabou se separando, sem rancor, admiro todas as mulheres que estiveram comigo, são minhas parceiras. A coletânea foi uma conquista e tanto para mim e acredito que para todas as envolvidas, foi lançada no Listen Rock, em junho deste ano, onde ajudei na organização. Desde 2012 estive envolvida em organizações de eventos, excursões, mas considero a coletânea minha maior conquista e um novo começo para muita coisa que ainda tem por vir.

Observando as várias vertentes sonoras executadas pelas bandas presentes na coletânea, podemos sacar o quanto as mulheres envolvidas no underground são talentosas e produzem ótimos trabalhos, mas ainda falta visibilidade na cena e mais respeito e espaço, como você enxerga a realidade feminina dentro da cena atualmente?

BIANCA: Enxergo com certo otimismo. Cada dia vejo mais mulheres nos shows, antes era bem raro para mim ver mulheres em bandas e frequentando os shows aqui na região, nesses últimos dias o Nervochaos, Torture Squad e Hatefulmurder passaram por aqui, todas bandas com presença feminina, isso é excelente! Vejo cada vez mais essa representatividade, no tanto que já temos bandas novas aqui da região e de outras também para a próxima edição da coletânea. Como a Sujo crust/grind, aonde uma das integrantes do Mosh Like a girl faz parte, está em fase de composição, Kultist, Mau Sangue de SP, aonde minha amiga Karine Profana faz parte. Lojas formadas somente por mulheres, organizações, hoje vejo muitas mulheres envolvidas em eventos, seja como banda ou organização. Temos a Valhalla Produções que se formou aqui em Vitória da Conquista e já vão fazer a segunda edição do Rock Porão. Raquel Dantes que escreveu seu livro ‘’A Conquista do Rock’’, Gabriela Corrêa (Socialphobia) que tem a Caótica Distro, sinto que é uma vitória para nossa cena. Não sei se posso falar de lugares aonde não convivo, da cena em geral, mas acredito que não seja diferente que vem crescendo essa presença feminina nos mais diversos lugares, e acredito também que o machismo/sexismo, seja forte em qualquer lugar daqui, é um conceito bem enraizado não só no nosso país como na cena, que pra mim deveria abominar esse conceito moralista que tem uma influência muito forte do cristianismo, nossa cultura é fortemente influenciada por ele e muitos não conseguem se desprender disso, não conseguem ‘’evoluir’’. Ainda vemos muitas mulheres reproduzindo o machismo, pois muitas são quase um espelho dos homens ou companheiros, é mais fácil ser assim e ser aceita do que ter voz, não é? rs

Nós sempre pedimos de nossos entrevistados um top cinco de discos preferidos, mas aproveitando a ideia da “Mosh Like a Blasfemme”, gostaria que você destacasse aí uma lista de cinco bandas ou discos preferidos com mulheres na formação?


BIANCA: 1 – Coven – Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls

É meu disco favorito! O Coven trouxe algo, que na minha opinião, era totalmente diferente de tudo que acontecida nos EUA, com toda aquela onda de paz e amor, movimento hippie, uma banda trazer essa temática sobre ocultismo, uma sonoridade incrível! Pra aquela época tudo soou assustador e pra mim não foi diferente. Minha reação ao escutar e observar toda arte do disco foi única, fiquei semanas ouvindo todos os dias, faz parte da minha vida, minha maior influência musical assim por dizer.

2 – Joan Jett – Bad Reputation

Foi um disco marcante para mim e aposto que para muitas mulheres também. Conheci o projeto solo da Joan antes do The Runnaways e sempre a achei fantástica, lá na minha pré-adolescência quando a vi pela primeira vez queria ser ela hahaha (Sim, até cortei o cabelo igualzinho hahaha). Toda aquela rebeldia, cheia de si, sem se importar com parecer uma ‘’boa garota’’ como todas nós somos obrigadas a ser marcou bastante pra mim. ‘’ Uma garota pode fazer o que ela quer fazer e é isso que eu vou fazer’’ foi algo que me fez crescer bastante.

3 – Mythic – Anthology

Essa compilação foi o meu primeiro contato com esse trio que fez um Death/Doom matador, me lembro até hoje como foi ouvir Winter Solstice e ficar repetindo a faixa diversas vezes só por aquele baixo hahaha. É um material importantíssimo pra mim, foi umas das minhas ‘’portas de entrada’’ digamos assim ao metal.

4 – Valhalla - In The Darkness Of Limb e 

5 – Miasthenia – XVI

Tive acesso aos dois discos na mesma época, foi a primeira vez que ouvir bandas brasileiras com a presença feminina. São dois discos que para mim que estão entre os melhores do Metal extremo brasileiro, são bandas que me influenciaram fortemente como Headbanger.

Bianca, gostaria de agradecer novamente o tempo concedido para falar conosco, desejar vida longa e sucesso a Underground Blasfemme e reservo este espaço para que deixe sua mensagem como quiser aos leitores do Microfonia! Valeu!


BIANCA: Eu que agraço muito por você me fazer o convite para participar dessa entrevista tão fantástica e me levar a conhecer o seu Blog. Espero que seja o começo de uma grande parceria! Obrigada mesmo por ceder esse espaço para divulgar a coletânea Mosh Like a Blasfemme e falar um pouco dos meus projetos. Grande Abraço!!
















ACOMPANHE O CANAL DA UNDERGROUND BLASFEMME NO YOUTUBE:


ADQUIRA A COLETÂNEA "MOSH LIKE A BLASFEMME", ENTRE EM CONTATO NOS ENDEREÇOS: