Olá Bianca, obrigado por falar conosco, primeiramente gostaria de parabeniza-la pela iniciativa da Underground Blasfemme juntamente ao Coletivo Mosh Like a Girl e aproveitar para saber como surgiu a parceria entre vocês e como surgiu a ideia para essa coletânea?
BIANCA NOVAIS: Olá Evandro, desde já agradeço por estar aqui dando espaço para essa entrevista. Bom, surgiu depois de várias conversas, entre as integrantes que na época faziam parte do Underground Blasfemme e Mosh like a Girl. O foco das nossas ideias era levantar fundos para promover eventos, aonde seria enaltecida a representatividade da mulher no underground. Foi assim que surgiu a ideia de lançar a coletânea, nada melhor do que conseguir nossa verba para os eventos do que uma coletânea que ajudaria a divulgar várias bandas com a presença feminina, nada mais justo! O foco da coletânea também era promover essa união entre os grupos, algo que realmente falta em nosso meio, com tantas disputadas de ego, ofensas desnecessárias e afins.
Como foi o trabalho para viabilizar o lançamento da “Mosh Like a Blasfemme”?
BIANCA: Sobre a coletânea, posso resumir que todo processo foi feito a partir de parcerias, amizades, foi uma verdadeira união de diversas pessoas das mais variadas vertentes o underground. A Libertinus Records e Resistência Underground, foram nossos maiores parceiros em toda caminhada. Muitos amigos e até pessoas que até então nem conhecia, ajudaram financeiramente, como uma espécie de troca, um ‘’crowdfunding’’ digamos assim, cada pessoa recebeu cópias do material depois! Foi algo impressionante, ver tantas minas e homens apoiando nossa causa. Outra parcela veio do nosso bolso mesmo.
De que modo vocês têm realizado a divulgação do trampo e como tem sido a recepção da galera em geral?
BIANCA: Nosso principal meio de divulgação é a internet, com parceria de blogs como o seu que vem abrindo um ótimo espaço para divulgação, compartilhamentos em rede social (facebook, instagram), quase sempre montamos stand em eventos na região, através de trocas com distros/selos, bandas amigas e que fazem parte da coletânea sempre ajudam na divulgação também!
E para adquirir uma cópia da coletânea, como a galera deve fazer?
BIANCA: Pra adquirir só entrar em contato comigo aqui mesmo pelo facebook ou na página do Coletivo Mosh Like a Girl. Custa somente R$5,00 reais. É um formato bem simples, em CD-R, com uma mini-zine em seu interior, capa envelope.
Quem foi responsável pela arte de capa e encarte da coletânea, ficou bem legal a apresentação gráfica, poderia nos dar detalhes a respeito?
BIANCA: A responsável pela criação de toda arte gráfica foi a Jess Cordeiro, integrante da Libertinus Records, uma grande parceira em tudo! A ideia era ser algo bem simples, que pudesse representar a imagem da mulher que faz parte de nosso meio, ela acertou em cheio! Indico a qualquer um o trabalho dessa moça.
Como foi o processo de escolha das bandas participantes da coletânea, de que forma rolou esse contato?
BIANCA: O principal foco era escolher bandas que compartilham de nossas ideias, não apoiamos o fascismo, racismo, homofobia, sexismo, White metal, nazismo, acreditamos que isso não deve fazer parte da música underground. Cada uma de nós quis compartilhar suas influências nessa coletânea, você vê que ela percorre quase todas as regiões do nosso país, com metal, punk, crust, hc, stoner, gothic rock, desde bandas conhecidas a bandas que acabaram de lançar sua primeira faixa. Cada uma de nós mostrou um pouco de sua essência, cada uma diferente e que compartilha as mesmas ideias, acho que esse deveria ser o conceito de uma coletânea, trazer essa diversidade.
Você é a mente por trás da Underground Blasfemme, ativa no underground e levantando essa bandeira numa região fora do eixo dos “grandes centros”, o que torna as coisas mais complicadas, situação que vivemos por aqui também, já que também nos situamos no interior do estado, rolaram muitas dificuldades para tornar esse projeto realidade?
BIANCA: Sempre foi difícil realizar qualquer coisa no interior, com a coletânea não foi diferente na dificuldade, desvalorização, muitas pessoas não enxergaram com bons olhos a proposta de uma coletânea focada na presença feminina, acredito que por preconceito, machismo, boa parte do interesse veio mais de fora mesmo, mas mesmo assim fiquei muito feliz com a repercussão em nossa região mesmo com alguns comentários negativos, mas isso faz parte.
Aproveitando o gancho do assunto de atuar no underground distante de grandes centros, como foi criada a Underground Blasfemme e como você avalia as realizações conquistadas até aqui?
Aproveitando o gancho do assunto de atuar no underground distante de grandes centros, como foi criada a Underground Blasfemme e como você avalia as realizações conquistadas até aqui?
BIANCA: A Blasfemme no começo foi criada como um coletivo, mas pela distância, alguns conflitos de ideias, acabou se separando, sem rancor, admiro todas as mulheres que estiveram comigo, são minhas parceiras. A coletânea foi uma conquista e tanto para mim e acredito que para todas as envolvidas, foi lançada no Listen Rock, em junho deste ano, onde ajudei na organização. Desde 2012 estive envolvida em organizações de eventos, excursões, mas considero a coletânea minha maior conquista e um novo começo para muita coisa que ainda tem por vir.
Observando as várias vertentes sonoras executadas pelas bandas presentes na coletânea, podemos sacar o quanto as mulheres envolvidas no underground são talentosas e produzem ótimos trabalhos, mas ainda falta visibilidade na cena e mais respeito e espaço, como você enxerga a realidade feminina dentro da cena atualmente?
BIANCA: Enxergo com certo otimismo. Cada dia vejo mais mulheres nos shows, antes era bem raro para mim ver mulheres em bandas e frequentando os shows aqui na região, nesses últimos dias o Nervochaos, Torture Squad e Hatefulmurder passaram por aqui, todas bandas com presença feminina, isso é excelente! Vejo cada vez mais essa representatividade, no tanto que já temos bandas novas aqui da região e de outras também para a próxima edição da coletânea. Como a Sujo crust/grind, aonde uma das integrantes do Mosh Like a girl faz parte, está em fase de composição, Kultist, Mau Sangue de SP, aonde minha amiga Karine Profana faz parte. Lojas formadas somente por mulheres, organizações, hoje vejo muitas mulheres envolvidas em eventos, seja como banda ou organização. Temos a Valhalla Produções que se formou aqui em Vitória da Conquista e já vão fazer a segunda edição do Rock Porão. Raquel Dantes que escreveu seu livro ‘’A Conquista do Rock’’, Gabriela Corrêa (Socialphobia) que tem a Caótica Distro, sinto que é uma vitória para nossa cena. Não sei se posso falar de lugares aonde não convivo, da cena em geral, mas acredito que não seja diferente que vem crescendo essa presença feminina nos mais diversos lugares, e acredito também que o machismo/sexismo, seja forte em qualquer lugar daqui, é um conceito bem enraizado não só no nosso país como na cena, que pra mim deveria abominar esse conceito moralista que tem uma influência muito forte do cristianismo, nossa cultura é fortemente influenciada por ele e muitos não conseguem se desprender disso, não conseguem ‘’evoluir’’. Ainda vemos muitas mulheres reproduzindo o machismo, pois muitas são quase um espelho dos homens ou companheiros, é mais fácil ser assim e ser aceita do que ter voz, não é? rs
Nós sempre pedimos de nossos entrevistados um top cinco de discos preferidos, mas aproveitando a ideia da “Mosh Like a Blasfemme”, gostaria que você destacasse aí uma lista de cinco bandas ou discos preferidos com mulheres na formação?
BIANCA: 1 – Coven – Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls
É meu disco favorito! O Coven trouxe algo, que na minha opinião, era totalmente diferente de tudo que acontecida nos EUA, com toda aquela onda de paz e amor, movimento hippie, uma banda trazer essa temática sobre ocultismo, uma sonoridade incrível! Pra aquela época tudo soou assustador e pra mim não foi diferente. Minha reação ao escutar e observar toda arte do disco foi única, fiquei semanas ouvindo todos os dias, faz parte da minha vida, minha maior influência musical assim por dizer.
2 – Joan Jett – Bad Reputation
Foi um disco marcante para mim e aposto que para muitas mulheres também. Conheci o projeto solo da Joan antes do The Runnaways e sempre a achei fantástica, lá na minha pré-adolescência quando a vi pela primeira vez queria ser ela hahaha (Sim, até cortei o cabelo igualzinho hahaha). Toda aquela rebeldia, cheia de si, sem se importar com parecer uma ‘’boa garota’’ como todas nós somos obrigadas a ser marcou bastante pra mim. ‘’ Uma garota pode fazer o que ela quer fazer e é isso que eu vou fazer’’ foi algo que me fez crescer bastante.
3 – Mythic – Anthology
Essa compilação foi o meu primeiro contato com esse trio que fez um Death/Doom matador, me lembro até hoje como foi ouvir Winter Solstice e ficar repetindo a faixa diversas vezes só por aquele baixo hahaha. É um material importantíssimo pra mim, foi umas das minhas ‘’portas de entrada’’ digamos assim ao metal.
4 – Valhalla - In The Darkness Of Limb e
É meu disco favorito! O Coven trouxe algo, que na minha opinião, era totalmente diferente de tudo que acontecida nos EUA, com toda aquela onda de paz e amor, movimento hippie, uma banda trazer essa temática sobre ocultismo, uma sonoridade incrível! Pra aquela época tudo soou assustador e pra mim não foi diferente. Minha reação ao escutar e observar toda arte do disco foi única, fiquei semanas ouvindo todos os dias, faz parte da minha vida, minha maior influência musical assim por dizer.
2 – Joan Jett – Bad Reputation
Foi um disco marcante para mim e aposto que para muitas mulheres também. Conheci o projeto solo da Joan antes do The Runnaways e sempre a achei fantástica, lá na minha pré-adolescência quando a vi pela primeira vez queria ser ela hahaha (Sim, até cortei o cabelo igualzinho hahaha). Toda aquela rebeldia, cheia de si, sem se importar com parecer uma ‘’boa garota’’ como todas nós somos obrigadas a ser marcou bastante pra mim. ‘’ Uma garota pode fazer o que ela quer fazer e é isso que eu vou fazer’’ foi algo que me fez crescer bastante.
3 – Mythic – Anthology
Essa compilação foi o meu primeiro contato com esse trio que fez um Death/Doom matador, me lembro até hoje como foi ouvir Winter Solstice e ficar repetindo a faixa diversas vezes só por aquele baixo hahaha. É um material importantíssimo pra mim, foi umas das minhas ‘’portas de entrada’’ digamos assim ao metal.
4 – Valhalla - In The Darkness Of Limb e
5 – Miasthenia – XVI
Tive acesso aos dois discos na mesma época, foi a primeira vez que ouvir bandas brasileiras com a presença feminina. São dois discos que para mim que estão entre os melhores do Metal extremo brasileiro, são bandas que me influenciaram fortemente como Headbanger.
Tive acesso aos dois discos na mesma época, foi a primeira vez que ouvir bandas brasileiras com a presença feminina. São dois discos que para mim que estão entre os melhores do Metal extremo brasileiro, são bandas que me influenciaram fortemente como Headbanger.
Bianca, gostaria de agradecer novamente o tempo concedido para falar conosco, desejar vida longa e sucesso a Underground Blasfemme e reservo este espaço para que deixe sua mensagem como quiser aos leitores do Microfonia! Valeu!
BIANCA: Eu que agraço muito por você me fazer o convite para participar dessa entrevista tão fantástica e me levar a conhecer o seu Blog. Espero que seja o começo de uma grande parceria! Obrigada mesmo por ceder esse espaço para divulgar a coletânea Mosh Like a Blasfemme e falar um pouco dos meus projetos. Grande Abraço!!
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Amei a entrevista
ResponderExcluirPOw Bem dahora
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