Quando pensamos em grandes entidades do hardcore brasileiro não podemos deixar de citar os caras da Mukeka Di Rato, com sua identidade única e forma singular de fazer música, destilando sempre muito humor ácido e sarcasmo em suas letras e a forma escrachada com que sempre fizeram tudo, nunca se levando tão a sério mas ao mesmo tempo tecendo críticas ferrenhas e com um posicionamento claro desde sempre!
Os caras tem uma discografia de
respeito e eu poderia citar outros discos nessa sessão que não fosse o “Carne”,
porém alguns fatores me levaram a tal escolha, primeiramente é o disco que
marca a volta do Sandro aos vocais da banda, segundo ponto que vale ressaltar é
o lançamento do disco pela Deckdisc que tem uma estrutura de major, então é curioso
ver o Mukeka no meio do cast da gravadora, terceiro e principal fator, conheci
a banda através deste disco, após ver o clipe de “Rinha de magnata” na
programação da MTV, na época já ouvia bastante coisa extrema no underground,
mas a irreverencia da banda é um diferencial muito grande, é tosco, pesado,
veloz e abordava as coisas de uma forma que eu ainda não tinha visto até então.
“Carne” trás em suas 14 faixas o
aperfeiçoamento de uma fórmula que o próprio Mukeka já havia criado e evoluído
em “Pasqualim na terra do Xupa-Cabra” (1997) e “Gaiola” (1999), que aqui ganhou
uma roupagem mais bem produzida por Rafael Ramos, a gravação e a mixagem
ficaram a cargo de Jorge Guerreiro no Estúdio Tambor e a masterização por
Ricardo Garcia no Magic Master, ambos no Rio de Janeiro, com as ilustrações
feitas pelo Ete e o projeto gráfico do disco pelo Valsa.
Basicamente depois de 13 anos do
lançamento (O disco faz aniversário de lançamento em 06 de agosto), não há dúvidas de que se trata de um clássico do underground
nacional e temos aqui várias faixas que já nasceram clássicas do estilo,
começando pela já citada “Rinha de magnata”, seguida de “Jogo do bicho” e a
melhor faixa deste disco na minha humilde opinião, “Cachaça”, que é um cartão
de visita, mostre essa música para alguém que você queira resumir o que é o
estilo do MdR, está tudo lá! Além dessas sem dúvidas merecem menção honrosa
aqui as velozes, “Animal” e “Enxurrada” e a levada cheia de groove de “Produtos
Químicos Eletrodomésticos”.
Não há dúvidas, um grande disco
da galera de Vila Velha que no momento passa por um hiato, seu último
lançamento foi o ep nervoso “Hitler´s Dogs, Stalin´s Rats” (2014), vamos torcer
pra que o Sandro, Mozine, Brek e Paulista se reúnam pra um novo atentado o
quanto antes e pra finalizar quero deixar aqui um trecho da resenha de Ricardo
Tibiu feita em 2007 e que é usada como descrição do disco na loja da Läjä do
próprio Mozine: “...Mukeka di Rato é hardcore, mas de um modo diferente. De
palito de dente no canto da boca, não de franja e roupinha descolada. De
chinelo de dedo, não de coturno. Sem dedo na cara – isso não faz o tipo deles,
que estão mais para personagens folclóricos “feios” que Monteiro Lobato deixou
de fora de sua obra...”.
Mukeka Di Rato - Carne (2007)
Tracklist:
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