segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

ENTREVISTA LEANDRO FRANCO (ASTEROIDES TRIO)

Hoje nosso papo é com o Leandro Franco, batera e vocal na Asteroides Trio, cartunista e arquiteto, com traço de estilo próprio, não é difícil localizar algum trabalho do cara por aí, já realizou trampos para Nervochaos, Supla, Ossos Cruzados, Punkzilla, entre outros nomes da cena e aqui nos conta um pouco de sua trajetória entre palcos e estúdio de animação, confiram!!!





Fala Leandro, obrigado por falar com Microfonia, primeiramente gostaria de saber como se iniciou sua trajetória como cartunista?

Trabalhei durante muitos anos no Diário de Guarulhos, desde a década de 90 faço charges. Passando pelo governo, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e agora Bolsonaro. Fiz charges para a Folha de Cianorte no Paraná também. No começo dos anos 2000 fazia quadrinhos para a revista Buttman. Atualmente estou mais focado em animações.

Você tem um estilo bem particular, quando vejo animações de clipes que você fez por exemplo já dá pra sacar que é você a pessoa por trás do projeto, quais foram suas principais influências no desenho?
Daniel Azulay, Laerte, Angeli, Glauco, Robert Crumb, Matt Groening,Tex Avery, Daniel E.T. entre outros.

A música e os cartoons tem tudo a ver, é sempre bacana ver as bandas lançando clipes em desenho, quais clipes nesse formato que você considera indispensáveis pra quem curte a junção dessas artes?
Acho fantástico :
- Ghost of Stephen Foster - Squirrel Nut Zippers
-About To Crack - Vitamine X

Como foi a participação no Anima Mundi em 2018 e como você recebeu a notícia de que seu trabalho com Stereo Bago Team, “Baseado”, havia sido selecionado para participar do festival?
Fiquei muito contente em ter um dos meus trabalhos escolhidos. Haviam muitas produtoras e animadores renomados no Brasil e internacionalmente. Serviu como estímulo para conquistar outros prêmios.

Poderia nos contar como foi desenvolvimento do trabalho de “Deixe em paz o jumento”, de Eline Bélier e Maga Lee, que foi premiado no festival Green Nation?
Trabalho em parceria com a Eline Bélier já faz um tempo. Devo ter feito uns 5 clipes para ela, todos em prol da causa animal. Geralmente ela me passava um roteiro pré-definido do clipe, mas nesse pedi para ela me deixar mais por minha conta, inclusive a parte estética que foi inspirada em literatura de cordel. No decorrer do processo, ela também participou do roteiro. Ficamos muito felizes com o resultado e com a premiação. Levamos dois prêmios, votação pelo júri oficial e pelo público.

O trabalho mais recente que você desenvolveu de que tive conhecimento foi com a banda Ossos Cruzados, produzindo o clip-e da faixa de “Palhaços Assassinos do espaço sideral”, como foi que rolou essa parceria com o pessoal de Taboão da Serra?
Conheço o vocalista André Honorato já faz alguns anos, inclusive já tocamos juntos em algumas ocasiões. Estou sempre fazendo trabalhos com o Ossos Cruzados, clipes, animações. Fico feliz em fazer parte da história da banda, que vem se destacando cada vez mais.

Seu trabalho com a música vai além dos clipes para os mais diversos artistas, você é baterista e compositor na Asteróides Trio, poderia nos contar um pouco mais sobre a banda? E como surgiu a paixão pelo Rockabilly?
Começamos com o Asteroides em 2006 na cidade de Arujá. Antes disso, já tocávamos em banda de punk rock nos anos 90. Mas tocávamos somente na região do Alto do Tietê, raramente íamos ao centro de SP. Na época que montamos a banda eu frequentava um fórum na internet chamado “Fórum Psychobilly”, onde participavam pessoas do Brasil inteiro ligadas ao psychobilly e rockabilly. Ali conheci coisas como Catalépticos, Ovos Presley, Crazy Legs, Big Trep, etc. Comecei a frequentar as festas e conhecer a galera das antigas, tipo o Ivan, o Éric Von Zipper, aí tomamos gosto pela coisa. Mas nunca abandonamos o punk rock.

E quantas andam os tralhados com a Asteroides Trio neste momento? Existe algum projeto em andamento pra novos sons, um novo disco?
O último trabalho registrado em CD e nas plataformas digitais é o Geração Drosophila Melanogaster, que conta com a participação do Gabriel Thomaz do Autoramas. Temos novidades para 2020, mas ainda estamos no processo de composições de novas músicas.



Gostaria que nos contasse mais sobre a música “Não a intolerância (Larissa)”, parceria com General Sade que trata sobre o drama da trans Larissa Rodrigues, 21 anos, morta a pauladas na Zona Sul de São Paulo. Antes é claro gostaria de parabenizar a banda pela inciativa em combater a intolerância e o preconceito e incentivar a diversidade.
Eu tenho ficado muito triste com os rumos que o Brasil está tomando. O mal sempre existiu, mas agora temos uma pessoas na cadeira de presidente que emana essa energia ruim aos seus seguidores. A música eu fiz após ler a notícia do assassinato. Eu fiquei realmente muito mal e queria colocar aquilo para fora de alguma forma. Então tive a ideia de chamar o General Sade para participar conosco, por ser um artista performático e talentoso.

Quais são as principais inspirações para o Leandro Franco quando o assunto é música?
No começo da banda eu me inspirava muito em histórias em quadrinhos. Hoje em dia, a hora é de falar dos problemas sociais. Atualmente nos inspiramos muito mais no punk. Na parte instrumental, nossas influências vão desde Chuck Berry, Restos de Nada à Hank Willians.

Asteroides Trio vai tocar no Psycho Carnival 2020 em CWB, ao lado de várias bandas fodas de todo o país, como estão as expectativas pra esse rolê?
É sempre um prazer ter a oportunidade de participar desse festival. Já temos um história em comum com essa galera. Tem muita gente legal no Paraná, nem todo mundo lá é Sérgio Moro. Tenho muitos amigos de bandas pro lá. O Vlad Urban, Neri, Bruno do Psycho Daime, entre outros. Muita gente legal, bandas nacionais e internacionais. Recomendo para todos. 



Mudando um pouco de assunto, você é um cara de diversas facetas e também é arquiteto, ainda exerce a profissão? E o que você curte mais entre todos esses trampos? Ou qual a melhor e a pior parte da cada uma dessas atividades?
Atualmente estou vivendo da minha arte, trabalhando em vários projetos de animação, ilustrações e tocando aos finais de semana. Quando a coisa aperta, corro para os escritórios de arquitetura. Tenho muito amigos na área. Atualmente o mercado está uma merda, os motivos não preciso nem comentar. Já trabalhei em diversos escritórios, desenvolvendo projetos residenciais, comerciais, paisagismo. Meu último trabalho temporário foi num hospital fazendo parte de “as built” de hidráulica e elétrica. Enfim, eu topo qualquer coisa para pagar as contas, menos tentar passar a perna nos outros. O que eu gosto mais da arquitetura é sobre a sua história, os estilos arquitetônicos. Mas sou mais um profissional de mercado.

Leandro, gostaria de agradecer pelo cedido pra falar com a gente e reservar este espaço pra mandar o seu salve como bem entender! Valeu!!!
Muito obrigado pela oportunidade! Sigam os Asteroides!


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