quarta-feira, 15 de julho de 2020

ENTREVISTA KULTIST

O Kultist é uma banda de São Paulo/São Carlos formado por Karine Profana (baixista), Yasmin Amaral (guitarrista), Letícia Figueiredo (baterista) e o vocal fica por conta de Daniel Pacheco (ex-Cursed Slaughter) que pratica um som de influências variadas dentro do metal, mas vamos usar a própria descrição da banda: : A Lovecraftian dark metal band, transformam o terror de Lovecraft em letras e riffs sombrios que podem ser conferidos em seu primeiro álbum, "The Black Goat", lançado em 2019 que traz oito faixas com temáticas totalmente voltadas para a obra do escritor americano de fantasia e ficção, mestre do terror cósmico!!! Confiram a seguir o papo que tivemos com Daniel Pacheco que nos conta um pouco mais sobre a banda!!!







Primeiramente muito obrigado por falar com o Microfonia, poderia nos contar de que maneira foi formada a Kultist, o que acabou reunindo vocês pra formar a banda?

Daniel Pacheco: Obrigado vocês pelo espaço! O Kultist nasceu lá por 2016 se não me falha a memória, eu e a Yasmin tínhamos vontade de fazer música juntos. No início éramos apenas nós dois e decidimos fazer um som voltado para o Death mais old-school, por ser um estilo que a gente escutava bastante junto. Nosso primeiro batera foi o Caio Imperato, chegamos nele por indicação de uma camarada nossa, com ele nós compusemos e gravamos a Black Swamp, nosso primeiro single. Depois disso a Karine Profana entrou no baixo, já a conhecia de outros rolês, mas como guitarrista, até que ela postou um vídeo tocando Possessed By Skate no baixo e eu fiquei doido, falei que ela precisava estar na nossa banda rsrs. Alguns bateras passaram por essa formação, todos contribuindo com linhas para algumas músicas, mas a definitiva foi a Letícia Figueiredo, que chegou por indicação da Lary Durante do High Hat Girls para a Karine, a química foi muito instantânea, no primeiro ensaio já tínhamos um rascunho de som novo e ali tivemos certeza de como a banda deveria soar e seguir.

Como surgiu essa ideia de criar músicas baseadas na literatura de HP Lovecraft e de que forma vocês condensam nas letras toda essa riqueza de mitos presentes nos contos do cara?

Daniel Pacheco:
Cara, essa parte foi um pouco da minha iniciativa lá atrás, eu já criei a banda com esse propósito na real, eu adoro escrever sobre terror, minha primeira banda (Cursed Slaughter) já falava sobre filmes de terror lá em 2009. Eu sempre li muito Lovecraft, adoro a mitologia, ai pensei que seria legal a banda ter um conceito forte, tanto visual quanto lírico, ainda bateu das outras integrantes também gostarem bastante de toda mitologia criada pelo cara. Quando eu escrevo a letra, eu procuro abordar um conto ou uma divindade e condensar os pontos mais relevantes para aquela história. Mas temos planos de abrir mais isso. Quem sabe um disco inteiro sobre o mesmo conto? São possibilidades infinitas.

Vimos em sua página que há um novo disco vindo, o que vocês podem nos contar sobre esse futuro novo registro?

Daniel Pacheco:Não muito na verdade, a quarentena tem ferrado a nossa cabeça, o primeiro disco do Kultist levou 3 anos para ser escrito, a gente é bem caprichoso com cada som e com cada riff, então praticamente tudo que a gente compõe até o final acaba sendo aproveitado. Temos uns rascunhos prontos e um tema em mente e isso é tudo que eu posso dizer rsrs.

Pra quem não conhece HP Lovecraft e quer se situar nas letras da Kultist, em que contos do autor vocês se inspiraram pra escrever as faixas de “The Black Goat”?


Daniel Pacheco:
Shub-Niggurath - “Um Sussurro nas trevas”
The Crawling Chaos - Divindade Nyarlahotep, ele aparece em diversos contos.
The Kult Of Dagon - “Sombra sobre Innsmouth”
Eternal Abyss - “Os outros Deuses”
Symphony Of Madness - “A música de Erich Zann”
Frozen Fear - “Nas Montanhas da Loucura”
Sign In Blood - “Sonhos na casa da Bruxa”
Black Swamp - “Dagon”



 

 No campo lírico sabemos qual referência da banda, mas em termos de sonoridade, quais são as influências da banda?

Daniel Pacheco: Caramba essa é bem complicado pois são muitas, muita coisa de Doom, Voivod, Discharge, Kreator, Megadeth, Possessed, Sepultura antigo, putz, acho que cada música tem uma coisa muito particular, não consigo definir bem rsrs, a gente adora a coisa mais dissonante, uns tempos mais esquisitos, então isso acaba refletindo bastante.

Como foi o processo de gravação de “The Black Goat”, poderiam nos dizer alguns detalhes a respeito? Quem foi o responsável pela produção, mixagem, etc? O resultado final é muito bom, a qualidade do registro é ótima!

Daniel Pacheco: Obrigado! Os créditos são todos do Diego Rocha do Bay Area Studios. O processo foi muito rápido, gravamos o disco em uns 4 dias, a mixagem demorou um pouco mais e ficamos bem felizes com o resultado também! Tudo fluiu muito legal, acho que o Diego conseguiu captar o que a gente queria passar, sei que para deixar a mostra tudo que queríamos não seria nada fácil rsrs o Kultist tem uma particularidade que são as linhas de baixo bem diferentes da guitarra e encaixar tudo isso numa mix, com timbragem e etc, é um trabalho bem complicado.



Qual o conceito na escolha do título “The Black Goat”, visto que não é o título de nenhuma das faixas do disco, tem algum motivo especial pra esse nome pro album?

Daniel Pacheco: A divindade Shub-Niggurath é conhecida como a cabra negra dos mil filhotes, por isso o nome The Black Goat, na letra da música a gente fala sobre isso. Além disso tem toda a coisa de ser meio que uma ovelha negra, não se adequar às normas ou padrões, que é uma coisa com a qual todos nós da banda nos identificamos.

Quem foi o responsável pela criação da arte da capa do disco e qual o conceito por trás dela?

Daniel Pacheco: Quem fez essa capa foi o Wendell Narkdemi, um artista fantástico de quem eu sou muito fã. Quando eu envio uma arte para alguém trabalhar, eu gosto de deixar a pessoa bem solta, então costumo enviar as letras e deixar a pessoa trabalhar em cima daquilo. Ele nos enviou esse cultista cercado por montanhas (que se parecem com outros cultistas) e por cima deles a sombra da Shub-Niggurath, essa arte é muito boa e dá uma condensada legal em todas as letras.

Como está sendo esse momento de pandemia para a banda? Acham que há possibilidades de um retorno as atividades culturais/shows ainda nesse ano?

Daniel Pacheco: Pessoalmente eu acredito e sinceramente espero que não haja um retorno nem esse ano e nem por uma parte do próximo, simplesmente não é seguro, nem para nós como músicos, nem para quem é público, o Covid é uma doença muito nova e ainda não temos ideia da real dimensão do seu comportamento ou reincidência (isso para não falar de dados falsos sendo divulgados pelo governo, para passar uma falsa sensação de segurança). Como músicos, estamos estudando, sei que todos nós temos investido tempo em nos aprimorar em nossos instrumentos. O Kultist é uma banda que depende muito da nossa química juntos, nós escrevemos praticamente tudo em estúdio, então temos guardado algumas boas ideias para quando for possível e seguro estarmos juntos novamente.


Pra não perder o costume de pedir listas aos nossos entrevistados, segundo a Kultist, quais os 5 melhores álbuns de todos os tempos e aproveitando o momento de quarentena, deixem uma dica de leitura pra galera também.

Daniel Pacheco:

Faith no more - The real thing

Voivod - Killing Technology

Megadeth - Killing is my Business

Possessed - Seven Churches

Iron Maiden - Powerslave

Leitura: H.P. Lovecraft - Medo Clássico Vol 1

Gostaria de agradecer por falarem com o Microfonia e reservar esse espaço pra que mandem seu recado como desejar, valeu!!!

Daniel Pacheco: Muito obrigado pelo espaço e pela paciência! Desejamos força a todos que estão encarando essa quarentena, os tempos são sombrios, mas irão passar no meio tempo, tentem ficar lúcidos e caso não consigam, declarem todo o seu amor aos deuses anciões ouvindo Kultist!







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