sábado, 18 de julho de 2020

ENTREVISTA EXCLUSIVA VITOR RODRIGUES (TRIBAL SCREAM / VICTORIZER)





Galera, é uma honra imensa ter Vitor Rodrigues como nosso entrevistado em nosso Blog!

Com carreira musical incrível, cujo seu ápice nos tempos de Torture Squad levou a ser uma referência na cena em sua técnica vocal e presença de palco e com disposição incansável para novos projetos, hoje ele encabeça dois trabalhos muito importantes para a cena underground: Tribal Scream e Victorizer.

Com a humildade de sempre, ele nos recebeu e conta um pouco sobre carreira, os trabalhos com seus projetos e tantos outros assuntos.

Confira a entrevista, na íntegra.


Vitor, em primeiro lugar, é uma honra ter você como nosso entrevistado do Microfonia! Seja muito bem vindo! Temos uma lembrança muito foda que envolve sua pessoa: eu (Beto), Evandro e Ronaldo, integrantes desse coletivo, ficamos maravilhados com a sua receptividade e simpatia quando estivemos em São Luís em 2012 no fatídico MOA (Metal Open Air) e você trocou ideia com cada um de nós quando nos encontramos nas escadarias do Centro Histórico da cidade. Pode ter certeza que até hoje comentamos desse episódio bacana em meio ao caos que se instaurou naqueles dias de festival. Deixamos nosso muito obrigado, de coração!

Vitor Rodrigues – O prazer é todo meu, Adalberto e que lembrança boa demais!! Sim, estava um verdadeiro caos e lembro-me de ficar extremamente chateado com tudo o que ocorreu. Aproveito para deixar minha gratidão com todos vocês meus amigos.



Comente como vocês da banda estão encarando esse desafio de gravar composições em seu novo trabalho no Tribal Scream em meio a toda essa pandemia da COVID-19. Conta pra nós como está esse processo de gravação que imagino ser diferente e inédito para todos vocês.

VR – Sim, essa é uma nova situação que estamos enfrentando e nos adaptando e nisso a tecnologia está desempenhando um papel fundamental para que possamos trocar muitas ideias. A composição ficou mais intimista e desafiadora, e isso é muito saudável porque as músicas vão ter um nível alto de qualidade. No Tribal Scream a coisa funciona com cada um em sua casa criando ideias e elas são compartilhadas para que todos possam dar uma opinião. Essas ideias são gravadas e vamos agregando arranjos. Após todos ficarem satisfeitos com a composição, cada um vai gravando suas partes e a partir daí partimos pra gravação propriamente dita num estúdio seguindo todas as normas de segurança e distanciamento.



Apesar dessa incerteza mundial, o álbum de estreia tem previsão de lançamento nas mídias?

VR – Estamos trabalhando rápido e esperamos lançar o álbum ainda esse ano, mas a certeza é que iremos soltar alguns singles antes e também estamos analisando a melhor forma de lançá-los.

 


E o processo seletivo para escolher o baterista? Como foi essa busca? Teve muita gente boa?

VR – Olha, posso afirmar que foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. O nível estava realmente alto com excelentes bateristas. A cada novo vídeo recebido a responsa só aumentava para escolher aquele que melhor se adequasse às ideias e sonoridade da banda. E o grande vencedor foi o Estevan Furlan, baterista oriundo de Campinas. Teve muita gente boa sim e isso só prova a enorme quantidade de talentos espalhados pelo Brasil.

 


As composições desse futuro play seguirão na linha temática aproximada ao do álbum “Mandu”?

VR – As composições não seguirão a linha temática do Mandu, mas isso não quer dizer que não possa ter uma ou mais faixas relacionadas à temática indígena. Depende da inspiração.



Por falar em “Mandu”, eu considero esse disco uma aula de história do Brasil, porque você resgatou a vida de Mandu Ladino, um indígena da tribo tapuia de etnia Kariri que liderou por sete anos entre Ceará, Maranhão e Piauí ataques constantes contra os colonizadores bandeirantes que, ao longo dos Sécs. XVII e XVIII travou uma carnificina sem precedentes no interior do Brasil. Em resumo, uma figura de alta importância na história brasileira, mas que não está nos livros escolares. Diante disso, qual a sua opinião com relação a trabalhos como esse do Voodoopriest ser uma espécie de gatilho de conhecimento para maior engajamento para a comunidade indígena e pessoas brancas que queiram defender a causa?

VR – Fico muito agradecido pelas palavras. Tudo começou quando eu procurava um tema para uma música apenas e me deparei com uma resenha de um jornalista falando do livro Mandu Ladino de Anfrísio Lobão Castelo Branco. Quando acabei de ler percebi que estava diante de um tema que não caberia somente em uma música, mas de um disco inteiro. Em suma, um álbum conceitual. Na verdade eu já tinha a ideia de fazer um álbum conceitual na época do álbum “The Unholy Spell” do Torture Squad. Infelizmente não rolou porque o tema sobre ovnis e alienígenas é muito vasto e complexo e precisaria de tempo para ler, entender e assimilar e passar isso para uma letra, para um disco inteiro.

Enfim, o objetivo do álbum Mandu não foi – num primeiro momento – de engajar pessoas, mas acima de tudo mostrar a importância histórica que Mandu Ladino, e de tantos outros chefes indígenas tiveram defendendo seu território e seu povo, mas fico imensamente grato se as pessoas entenderam completamente o contexto do álbum e inspiraram a buscar conhecimento sobre os povos que viveram aqui antes da exploração danosa do conquistador europeu.


 



Em paralelo a isso, tem o Victorizer, no qual vocês estavam a todo vapor para lançar o play até chegar a pandemia da COVID-19. Lembro bem que no ano passado vocês fizeram uma turnê no sul, onde vocês soltaram um “spoiler” de duas músicas (“Personal War” e “Back to the War Zone”). Vocês só estão esperando normalizar para lançar o disco de estreia?

VR – Exatamente! Além da pandemia, muitas outras coisas contribuíram para que a gente ficasse em compasso de espera; a ida do guitarrista Woesley Johann para o Nervochaos e a finalização do estúdio na casa dele foram também outros motivos. O disco está praticamente finalizado restando apenas alguns detalhes, mas estamos esperando essa pandemia acabar para voltarmos ao trabalho, gravando e fazendo shows!





Você tem ótimas participações em discos de outras bandas (Korzus, Claustrofobia, Glory Opera, Hammathaz, Carro Bomba, Tuatha de Danann, Genocídio e tantos outros). Conta pra nós a experiência em gravar a excelente faixa “The Thin Line” com os fodidos integrantes do Setfire.

VR – O Artur Morais, vocalista do Setfire entrou em contato comigo e gentilmente pediu uma participação minha em uma faixa do disco deles. Já conhecia o trabalho deles e para mim foi um enorme prazer. Além de gravar a minha participação, conversamos muito sobre o disco deles, o mercado musical entre outros assuntos e eu gosto muito de fazer participações porque é muito enriquecedor cantar em bandas com estilos diferentes.






E o Volume 11? Como anda? Projetos para o futuro?

VR – Tanto o perfil do Volume11 no Instagram como o programa de webradio estão na geladeira. Apesar de que o perfil no Instagram ainda continue, mas não sei se vou continuar. Entretanto, os meus blogs – Vitor Rodrigues Blog e Blog do Volume11 – estou curtindo mais fazer porque a resposta do público está sendo muito maior. O engajamento é legal e fico sem aquela pressão de postar todo dia. Mas ainda estou estudando a melhor forma de divulgar tudo isso. Tudo é relativo e a qualquer momento posso voltar com o meu programa de webradio, ou não.


 


Com relação ao Torture Squad, você teve uma carreira promissora na banda, lançou ótimos trabalhos (“Pandemonium” e “The Unholy Spell” são meus preferidos!). Mas um episódio em especial que me deixou orgulhoso demais em ser brasileiro foi quando vocês venceram o Metal Battle em 2007 para representar o Brasil no Wacken em 2008. Fique a vontade de nos contar sobre o privilégio de ter ido representar o Brasil nesse festival imenso por duas vezes (2008 e 2011), as impressões da Alemanha e Europa, estrutura do evento, fãs europeus...

VR – O maior objetivo que tínhamos na época era ir pro Wacken e divulgar o trabalho da banda para uma enorme quantidade de pessoas (promotores, empresários e jornalistas internacionais), mas fomos agraciados com o título de campeão do Wacken Metal Battle daquele ano (2007) e isso nos ajudou e muito para que o nosso nome fosse conhecido internacionalmente. A sensação de vencer o concurso é impossível de se explicar. Com toda a certeza é um dos ápices da minha carreira como músico e com a vitória que tivemos fomos convidados a voltar a tocar no Wacken em 2008 como atração do festival. Simplesmente gratificante em todos os sentidos!


 



Em sua opinião, qual disco do Torture Squad que mais curtiu sem você nos vocais?

VR – São discos bem diferentes em matéria de vocalizações, e é aí que resume a beleza desses dois discos – "Esquadrão de Tortura" e "Far Beyond Existence" – e com toda a sinceridade curti os dois.

 


Cite para nós três vocalistas que te inspiram a todo o momento quando você pega o microfone pra cantar.

VR – Olha, são muitas entidades que surgem quando estou em cima do palco. Cada uma dessas influências maravilhosas me inspira, mas posso citar Dio, Bruce Dickinson e Rob Halford como sendo as três principais.

 


Mantendo nosso tradicional pedido em todas as entrevistas, poderia nos dizer quais são os 5 maiores álbuns já lançados de todos os tempos segundo Vitor Rodrigues?

VR – Sim, posso sim:

1.                Judas Priest - Painkiller

2.                Slayer - Reign In Blood

3.                Iron Maden - Powerslave

4.                Megadeth - Rust In Peace

5.                Metallica - Master Of Puppets

 


Pra finalizar, o Microfonia Underground agradece demais a sua participação! É de extrema importância uma entrevista desse peso em nosso canal para servir como fonte de inspiração para bandas da cena que estão começando. Agradecemos demais a oportunidade e desejamos vida longa a todos os seus projetos!

VR – O papel que vocês têm é muito importante para a cena musical porque é uma ponte entre banda/artista e público, e sou eu que agradeço imensamente pela oportunidade e desde já quero desejar a todos vocês muita saúde, sucesso e muito metal. E para os fãs do meu trabalho quero dizer que se não fosse o apoio, o respeito e a admiração pelo meu trabalho, eu não seria absolutamente nada nessa vida. Muito obrigado pelo carinho e pela fidelidade meus amigos!






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