sábado, 29 de abril de 2017

ENTREVISTA SURRA

Madrugada de sexta pra sábado e eu aqui na pilha pra colocar esse trampo no ar, nesse final de semana o Surra estará se apresentando aqui em Maringá-PR e antes de rolar essa gig daora, que ainda vai contar com as bandas Refutare e Sinistro de Arapongas-PR, falamos com o Guilherme e o Victor, baixista e baterista da banda respectivamente, e o resultados vocês conferem a seguir, e pra você que é da região cole pra conferir uma das bandas mais fodas que ouvi nesses últimos tempos!



Fala galera, obrigado por falar conosco, primeiramente gostaria de comentar o hilário (com direito a premiação no Golden Shit Awards rs) clipe que vocês fizeram pra faixa título de seu último disco, “Tamo na merda”, como foi que rolou a produção dessa pérola?

Guilherme: Como é muito comum acontecer o lançamento do Tamo Na Merda (disco) demorou mais do que imaginávamos para sair. Pegamos os CDs quase as vésperas da nossa tour pra Europa, sendo que o planejamento inicial era para ele ficar pronto no primeiro trimestre de 2016. Chegando da Europa ainda fizemos mais alguns shows aqui pelo Brasil, ou seja, ficou muito complicado trabalharmos um videoclipe mega produzido nessas condições.
Foi nessa ideia que nos reunimos e demos a ideia para o Leeo para fazermos um clipe mais simples, um lance mais DIY mesmo, de uma música mais rápida.
Buscamos referências de coisas toscas e cômicas que adoramos, tipo Pepa Films e Hermes e Renato, e o Leeo criou um roteiro pra música Tamo Na Merda. Com a agenda de shows estava muito complicado viabilizar a execução dessa ideia de mal gosto então foi quando o Fabio Prandini (Paura, Samsara Discos) nos deu uma força e fez a ponte com a produção do canal do Meninos da Podreira. As ideias bateram completamente e em menos de 4h captamos todas as imagens e tivemos um dia muito divertido. O resultado foi essa película ridícula que rola na interwebs junto com entrevistas para o canal do MDP e até uma premiação.

Ano passado vocês fizeram sua estreia em solo europeu, como foi a experiência por lá? Qual o saldo dessa tour pra vocês?

Guilherme: Foi uma experiência muito foda tanto pra banda quanto pras nossas vidas. Passar os perrengues da “tour life”, tocar direto, conhecer MUITA gente de diferentes locais do planeta evoluiu muito a nossa banda em todos os aspectos. Pra nós o saldo foi muito positivo e superou nossas expectativas. As bandas brasileiras tem uma fama muito boa dentro da Europa e bastante gente curte o jeito tupiniquim de fazer uma desgraceira.

Foi divulgada recentemente a capa de um Split que vocês vão lançar junto com o MooM, como rolou a parceria com os caras e o que você pode nos falar dessas três faixas inéditas que farão parte do Split?

Guilherme: Conhecemos os caras do MooM de Israel em Vienna, na Áustria. Chegamos com certa antecedência para o show e eles estavam hospedados no mesmo local que nós. Demos vários roles pela cidade e trocamos muitas ideias antes do nosso show... rolou aquela parada de melhores amigos instantaneamente. Depois de ver o show dos caras tivemos mais certeza ainda que precisávamos fazer um lançamento juntos. Daí surgiu a ideia do Split que estamos trabalhando durante esse ano.



O Surra curte lançamentos no formato de vinil, quais as vantagens que vocês veem nesse formato e por uma questão de gosto pessoal mesmo, qual formato vocês preferem entre CD e vinil?

Guilherme: Vemos hoje no vinil um material bem bacana e que é muito valorizado pela galera que ainda curte consumir música em mídias físicas. Além do som ser excelente todo o trabalho da arte e o ritual de colocar uma bolacha pra rodar fazem parte de um jeito muito único de curtir o som. O CD por mais que não tenha toda essa parada, a arte ser mais reduzida e tal, hoje já se tornou um material voltado pra pessoas que curtem “colecionar” música também. Ou seja, por mais que o grande público consuma muita música por meios digitais nós fazemos questão de lançar materiais físicos para materializar os nossos projetos pois acreditamos muito nessa conexão que o material físico tenha com os sons.

A banda segue com a produtividade em alta desde o seu surgimento, a que se deve esse ritmo de produção, que pra nós é ótimo, pois sempre é bom ouvir um novo som da banda?

Guilherme: Em termos musicais se deve principalmente a nossas diversas influências e “piras” de cada hora estar curtindo um tipo de som, trazendo uma ideia ou uma influência nova. Quanto as letras toda a situação política no Brasil e mundial nos faz ter cada vez mais assuntos pra abordar. O mais bacana que no Surra nós 3 trazemos ideias de letras, de riffs e com a quantidade de merda que temos na cabeça ela se torna sempre um terreno fértil.



Uma parada que não poderia deixar de comentar é sobre o DVD “A porra pegou – Ao vivo em Belém”, apresentação e público insanos no registro, gostaria aí que você relatasse como se deu a produção desse projeto?

Guilherme: A produção foi toda feita de maneira DIY e coordenada por nossos amigos de Belém. Toda equipe de câmeras foi voluntária, backline emprestado, dentre outras coisas. Tudo isso foi muito importante para viabilizar a execução do projeto. Depois finalizamos com 2 parceiros nossos de Santos. Toda edição de vídeo foi feita pelo Gabriel Imakawa e a mixagem e masterização do áudio pelo Ivan Pellicciotti, que foi responsável pela maioria das nossas gravações. Ainda hoje esse é um dos nossos “cartões de visita”, pois é um registro muito verdadeiro do que somos como banda e do que é um show do Surra.

O “Tamo na merda” é o primeiro full álbum do Surra, até então vocês vinham lançando EPs, vai rolar mais um disco cheio num futuro próximo?

Guilherme: Com certeza, como falamos anteriormente nosso terreno de ideias está bem adubado de merda e estamos sempre compondo coisas novas nos intervalos das nossas agendas. Estamos em fase de planejamento desse segundo álbum full, pois é algo que demanda muito tempo, dinheiro e dedicação. Talvez antes disso ainda trabalhemos alguns EPs/Splits por serem formatos de lançamentos mais viáveis pra realidade da banda.

Está rolando aí a pleno vapor, a tour “South of Braza”, com várias datas no sul do país, como tem sido a tour até aqui e quais as expectativas para as próximas apresentações?

Guilherme: A tour tem superado todas as expectativas. A região Sul do país tinha sido a que menos tínhamos tocado desde o início da banda. Pra ser bem sincero achamos que a nossa pegada de som não era muito a cara da região e que a tendência era realmente não termos muitas oportunidades pelo Sul. Temos certeza que os próximos shows no Paraná e o fechamento em Porto Alegre serão ótimos shows! Toda essa energia da galera tem compensado as diversas horas com o cú sentado nos ônibus da vida.

Vimos que em outubro vocês partem para datas no nordeste, trocamos uma ideia com o Caio da Desalmado recentemente e parece que vai ser um giro em parceria das bandas?

Guilherme: Sim! Temos com o Desalmado hoje uma amizade muito foda e no início do ano fizemos uma reunião e falamos: “Temos que fazer alguma coisa juntos”. Disso surgiram diversas ideias que vão rolar esse ano e essa foi uma das principais. Tirando em Teresina o Surra nunca tocou no Nordeste e o Desalmado também não. Decidimos unir forças e fazer uma tour conjunta entre as 2 bandas. Outras paradas Surra e Desalmado vão rolar também ainda esse ano que vamos divulgar em breve.



A banda foi confirmada como umas das atrações do tradicional festival Roça N’ Roll, onde vão dividir o palco com várias bandas nacionais e internacionais de peso, como rolou o convite e o que vocês acharam do line up deste ano?

Guilherme: Tocar no Roça ‘n’ Roll é realmente uma realização pra gente. Eu (Guilherme) particularmente sempre acompanhei o festival (até porque sou fã do Tuatha de Dannann) e estar vigorando entre uma das atrações é uma das principais realizações da banda pra esse ano. Quem nos ajudou com a divulgação do nosso material para a organização foi o Rafael da Restless Booking, que auxiliou a preparar os releases e outras paradas que a organização do fest pede. Quanto ao line up estamos tão animados para ver os outros shows quanto pra tocar.



As letras do Surra são de cunho social e político, a banda tem um posicionamento claro, como vocês tem visto essa galera do underground que diz curtir apenas o som das bandas que tem esse tipo de ideologia pra dar aval pra suas posturas conservadoras e até fascistas em alguns casos?

Victor: Essa galera que tá no underground ‘só pelo som’ e ainda tem essa mentalidade, não deveria nem estar no underground. A própria lógica da cena de música independente é de que isso é mais do que música, ainda mais no hardcore, grind, metal, etc... Acho que essa galera tem que refletir bem o que quer da vida e pensar direito na cultura que ela consome. Algumas bandas por aí não se importam com mensagem nenhuma, só querem se aparecer ou falar de algo que não é sincero, ou falar sobre comportamentos e questões das quais não entende absolutamente nada... É complicado. Acho que falta mais honestidade e uma atenção maior com o que é falado.

Agora as perguntas de praxe, que bandas da cena atual vocês destacariam, que merecem ser ouvidas por quem tá afim de conhecer um som novo?

Victor: Das bandas que estão na correria também acho que vale apena ouvir Desalmado, Institution, Cursed Slaughter, Paura, Cemitério, Chuva Negra, Anti-Corpos, Depois da Tempestade... São todas bandas que sabemos da batalha e respeitamos, não só pela música como pelas pessoas envolvidas.

Quais discos você considera indispensáveis na sua coleção ou na de qualquer pessoa que curta um som?

Victor: Difícil falar, mas acho que esse é o meu top 5 discos essenciais:
Black Sabbath – Paranoid
The Smiths – The Queen is Dead
Nirvana – Nevermind
Wu-Tang Clan – Enter the Wu-Tang (36 Chambers)
Metallica – Master of Puppets


Pra finalizar, aproveitando que dia 30/04 vocês passarão aqui por Maringá-PR, reservo esse espaço pra que mande um salve pra galera que vai colar lá no Tribos Bar pra prestigiar a banda e pra suas considerações finais também, obrigado e nos vemos no rolê! Valeu!

Victor: Muito obrigado pelo espaço e pelo apoio! Obrigado a toda a galera que acredita nas nossas ideias e no nosso som. Dia 30/4 estaremos fazendo um barulho massa por aí!





Contato SURRA:

surrahardcore@gmail.com

Ouça o som dos caras em:



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