sexta-feira, 14 de abril de 2017

Entrevista com o escritor D.Pereira (Estudiosos do Macabro)

E aí pessoal? Tudo bem? Seguindo nosso projeto de diversificar os conteúdos que publicamos no Microfonia, este é o primeiro passo do projeto, falamos com o escritor Diogo Martins Pereira, autor de livros como o "Estudiosos do Macabro" e "O duelo das rosas", tratamos de suas referências, novos projetos e de literatura fantástica, o cara tem trabalhos muito legais lançados e vale a pena conhecer um pouco da pessoa por trás das histórias, caso queiram conhecer mais do trampo do Diogo ou até mesmo adquirir material do mesmo, no decorrer da entrevista vocês vão encontrar os links pra fazer isso, no mais, curtam o bate papo aí, que ficou daora!!!



Fala Diogo, muito obrigado por nos atender, é bem legal falar com você, pois sou fã de seus trabalhos, começando aí com uma minibiografia, gostaria que nos contasse como foi que você começou a escrever, o que o levou a querer lançar livros e que autores serviram de inspiração pra você desenvolver seu trabalho?

Olá, Evandro! Primeiramente, eu que agradeço pelo interesse nos meus livros e pela oportunidade de falar um pouco sobre eles.
Bom, falando um pouco sobre o Diogo, eu sou natural de Curitiba (mas moro em Maringá há sete anos), sou formado em engenharia civil, desenho desde que me entendo por gente e escrevo desde a adolescência.
Sempre gostei de histórias fantásticas, não importando muito a forma em que essas histórias eram contadas. Livros, filmes, games, quadrinhos, etc, sendo algo criativo certamente despertava o meu interesse. Durante uma década eu “mestrei” partidas de RPG de mesa, e quando o grupo dispersou eu senti a necessidade de continuar inventando histórias, criando personagens e desenhando. Foi assim que eu comecei a escrever contos, apenas para passar o tempo, mas quando descobri que era possível publicar livros por conta própria, e que isso não era tão impossível ou caro quanto eu imaginava, decidi publicar as minhas histórias.
Tendo vivido boa parte da minha vida em Curitiba, cidade que estatisticamente tem menos dias de sol ao longo do ano do que Londres, o que pode ser bastante melancólico, acredito que meus interesses foram naturalmente direcionados para o terror e o sobrenatural.
Não por acaso meus autores prediletos são “um pouco” antigos. Arthur Conan Doyle, Mary Shelley, H. G. Wells, H. P. Lovecraft, Bram Stoker, Robert Louis Stevenson, estão entre os meus favoritos, para citar alguns, apesar de eu gostar de bastante coisa atual também.

Partindo da trilogia de “Estudiosos do macabro”, que devo elogiar, pois realmente gostei muito destes livros, chama a atenção a riqueza de detalhes de uma narrativa que se desenrola numa Inglaterra vitoriana e as personalidades antagônicas de seus personagens principais, Ambrose D. Hunter e Morris, você desenvolveu algum tipo de pesquisa pra ambientar sua história? Sobre as personagens, se inspirou em alguém pra dar vida aos mesmos?

O Umberto Eco falava algo bastante interessante num livro sobre técnicas de escrita que eu li. A história era mais ou menos a seguinte: um leitor entrou em contato com ele criticando uma de suas histórias, pois na data e no local em que se passava uma das cenas havia ocorrido um incêndio, e no livro isso sequer era citado, o que não fazia o menor sentido!
Isso me marcou muito, e por esse motivo faço pesquisas extensas em tudo que é canto possível e imaginável, para deixar as minhas histórias o mais próximo possível da realidade da época em que se passam. Tecnologia, roupas, costumes, locais, o que eu consigo pesquisar, eu uso. E se ficar em dúvida, prefiro tirar. Vai que algum leitor percebe...
O Ambrose e o Morris são personagens pelos quais tenho muito carinho. Vejo os dois como desajustados, pois apesar do Ambrose ser o “bonzinho”, suas atitudes são tão contidas, tão metódicas, que chegam a ser não-naturais (não por acaso sua aparência é quase a de um boneco de madeira), e essa era a intenção no final da história. Já o Morris é aquela mistura explosiva de Wolverine com Vegeta, capaz de realizar um ato heroico e depois colocar tudo a perder por causa de um cachimbo de ópio.
Os dois reúnem características de várias pessoas e personagens que conheci, mas não são inspirados em indivíduos específicos não. 





Sobre as criaturas combatidas em “Estudiosos do macabro”, você as criou com base em alguma lenda urbana da época em que ocorre a história? Parece haver uma pluralidade de culturas em meio aos inimigos que os protagonistas enfrentam, estou certo?


O conceito de “Detetive do Oculto” não é nenhuma novidade na literatura. Para citar o mais famoso, Abraham Van Helsing só foi um adversário páreo para o Drácula por que carregava consigo uma bagagem enorme de conhecimento.
Eu não queria escrever nada muito espalhafatoso, com grandes cenas cheias de explosões e pancadaria. Apesar de obviamente existirem algumas cenas de ação, o enfoque dos meus “Estudiosos do Macabro” era a investigação de eventos sobrenaturais e o registro desses eventos para a posteridade. Agora, se a ideia era estudar criaturas sobrenaturais, fazia mais sentido que houvesse algum tipo de abrangência mundial nesses estudos, o que foi ótimo, pois a partir dessa premissa acabei conhecendo muitas lendas de lugares que jamais teria conhecido. A Índia em particular foi bastante desafiadora.


Ao correr das páginas de seus livros encontramos diversas ilustrações, que você mesmo produziu, quem surge primeiro as histórias ou as ilustrações?

Essa é uma boa pergunta. Alguns personagens foram criados nas antigas partidas de RPG que eu mestrava (o albino Augustine Crompton foi criado pelo meu irmão, por exemplo), e, portanto, já existiam em desenhos. Mas na maioria das vezes eu escrevo as cenas, e algumas propositalmente são bastante gráficas, já pensando nas ilustrações.









Você já pensou em produzir algo no formato de quadrinhos, te interessa esse formato de trabalho?

Eu já fiz muitos trabalhos com ilustrações, mas acredito que escrever me permite produzir mais (alguns dos meus desenhos levaram meses para ficarem prontos – estou falando de você, pontilhismo!). De qualquer forma, hoje consigo casar essas duas paixões nos livros, então posso dizer que estou bastante satisfeito com o formato atual.

Seu último trabalho de que tenho notícia, foi desenvolvido junto com seu pai, DJ. Pereira, o livro em questão, “O duelo das rosas” é um thriller policial, o que você achou de escrever com uma parceria assim tão familiar e em que estilo literário você se sente mais à vontade de escrever?


Nossa, esse livro foi uma verdadeira maluquice. Meu pai, apesar de escrever muito bem, nunca tinha se aventurado na criação de histórias. Um dia ele chegou para mim e disse que queria escrever um thriller policial, e já tinha o título: O Duelo das Rosas. O problema é que ele só tinha o título, até aquele momento, e uma ideia vaga de que a protagonista seria uma policial. Decidimos escrever a história em conjunto, com cada um responsável por uma parte das tramas, que convergiriam até o grande final. Fizemos uma reunião para inventar a ideia principal e a partir daí partimos para o livro propriamente dito. Acho que uns dez meses depois (e muitas risadas) estava pronto, e gostamos muito do resultado final.
Apesar de já ter me aventurado na ficção científica e no policial, considero que a minha casa é o sobrenatural mesmo.


No momento você está envolvido em algum novo projeto?

Sim, tenho dois trabalhos em andamento. Um deles já está pronto, na verdade. Chama-se “Cleto”, e é sobre um cavaleiro Hospitalário que cai em desgraça. Claro que, em se tratando de uma história saída da minha cabeça, pode-se esperar aquela mistura de fantástico e realidade, em que nem tudo é o que parece.
O outro livro ainda não decidi o título, mas se passa na Escócia, envolve algumas rixas entre os clãs das Terras Altas e o sobrenatural, claro. Já é o meu livro mais longo, e ainda não cheguei no terço final da história. Está me dando bastante trabalho na parte das pesquisas, pois se existe um país “peculiar” no mundo é a Escócia. Sendo bem sincero, nunca vi uma coletânea tão criativa e maluca de lendas quanto lá.
Tenho dúvidas sobre que formato usarei para publicar esses livros, pois apesar de adorar o lado “underground” da publicação independente, a verdade é que é meio impossível fazer tudo sozinho, conciliando com as minhas outras atividades.

Dentre todos seus lançamentos até aqui, qual trabalho você mais curtiu fazer?

Gosto de todos os livros, para dizer a verdade. Mas acredito que a coletânea dos “Estudiosos do Macabro”, por reunir três livros em um e ser toda ilustrada (e pelo esforço envolvido na sua edição), é o meu favorito. 





Pra finalizar gostaria de agradecer novamente a atenção e que você passasse aí pra nossos leitores onde eles podem encontrar o seu trabalho, obrigado!

Os livros podem ser encontrados na Amazon. Infelizmente as versões impressas estão disponíveis apenas na loja americana. As versões digitais podem ser adquiridas na loja brasileira. Tenho algumas cópias impressas comigo, quem tiver interesse ou apenas quiser trocar uma ideia, pode me mandar um e-mail. Será um prazer conversar com vocês!
Obrigado e um grande abraço!



Amazon americana (página do autor): www.amazon.com/D.-Pereira/e/B00T6XNQUI

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