quinta-feira, 22 de março de 2018

ENTREVISTA DJALMA MAIA (PHU) MACAKONGS 2099, SATAN'S PRAY, EX-DFC

Salve amantes da podreira e do rock veloz, aqui estamos nós novamente pra trazer o que há de melhor em termos de barulho do underground deste decadente país! Hoje nosso papo é com um cara que está no rolê a tempos, membro fundador do DFC, e já a 20 anos a frente do Macakongs 2099, e ainda tem o Satan's Pray, ou seja, o cara tem muita história pra contar e continua a escrever sua trajetória como vocês poderão conferir a seguir! Com a palavra, Djalma "PHU" Maia!!!




Primeiramente muito obrigado por estar falado com o Microfonia, antes de tudo gostaria que nos contasse como se envolveu com a cena hardcore, com a música em geral, como foi o início, como você decidiu que era esse tipo de som que você queria fazer, o começo de tudo para você na cena de BSB.
PHU: Cara o prazer é meu, legal ser lembrado pelas coisas que fiz, pelas coisas que faço, muito agradecido mesmo. Bem, eu era muito molequinho e aqui no Guará a gente só aproveitava os finais de semana que tinha uns que a gente chamava de lazer, que nada mais era os caras que botavam umas caixas, eram como se fosse Dj, mas nem era Dj, nem tinha isso, e ficam tocando os balanços da época, uns reggae, e as coisas eram muito assim, aqui no Guará as coisas eram muito ligadas ao balaço e ao reggae, não tinha tradição de tocar rock e eu gostava muito disso, era aqueles molequinho que gostava de Michael Jackson, e aí eu comecei ouvir outras coisas, começaram a rolar as coisas da new wave, tinha 13 anos e daí comecei a ouvir umas coisas que na época era esquisito, tipo rock, as coisas de Brasília mesmo, que eram Legião Urbana, gravando seu primeiro disco, tinha também o Ultraje a Rigor lançando seu primeiro disco, Titãs lançando o primeiro disco também, e comecei a ouvir essas coisas por osmose, mas no punk mesmo foi quando eu comecei a ouvir Camisa de Vênus, depois ouvi Garotos Podres, esse foi o meu Ramones, foi quando eles lançaram o primeiro álbum e eu já comprei a primeira edição, aí eu falei, caralho, isso é muito foda! O Garotos Podres mudou a minha vida, só fico meio triste de ter trocados os meus discos de balanço que tinha na época, África Bambata, troquei tudo pelo disco do Garotos, poderia ter comprado o do Garotos e ficado com os outros discos, eu ia ficar muito mais feliz, mas aí eu ouvi o Garotos Podres e falei, caralho, é isso o que eu quero, isso é fudido! Mas quando eu ouvi o RDP, Crucificados pelo sistema, caralho, aquilo ali, ali eu fiquei muito fudido, eu fiquei isso é muito foda, é isso que eu quero, e estamos aí de lá para cá.
Continuando nessa pegada de contar sua história dentro da música, você foi um dos membros fundadores do DFC e antes disse você faz parte de outras bandas, que bandas foram essas onde você iniciou seu envolvimento com a música e como foi esse início do DFC, e como é para você ter feito parte da história de uma banda com tanta representatividade no underground?
PHU:Então, meio que se confunde as duas coisas, quando a gente era muito moleque mesmo a gente não tendo nenhum equipamento e não sabendo tocar porra nenhuma, a gente ficava, ah, vamos ter uma banda, era a grande vontade desde moleque, eu lembro cara, que nesse esquema a gente já arrumou um nome, acho que foi a primeira coisa antes de ter a banda, o Lixo que era um cara da época aqui, falou que ele ia cantar e ele criou o logotipo do DFC, isso foi em 87, por aí, 87, 88, daí ele criou esse logo e falou, vamos fazer uma banda chamada DFCaos, que é o logotipo que é usado até hoje do DFC, é a mesma coisa, aí nós começamos a fazer as nossas coisa aqui, ensaiando no quarto, batendo na cama, até que arrumasse alguma coisa próxima de uma bateria, caixa, sei lá velho, umas coisas assim muito esquisitas, esquisito não, coisa que não existia, até que um comprou um contrabaixo e começou a fazer, daí a gente tinha o nosso projetinho, em 87, quando a gente começou a tocar e daí já tinha demorado um ano, até que a gente comprasse tudo e começasse a ensaiar, foi a primeira que nós tentamos, a gente tinha um nome, tinha umas músicas e ficamos tentando fazer uns shows, a coisa era muito difícil na época, e aí quando deu 89 a gente resolveu abreviar o nome de DFCaos para DFC, e meio que ficou uma banda de brincadeira da gente, sabe, de tocar na casa dos amigos e acabou, quando deu 92/93 uma camarada meu que era o Juninho aqui, que até foi ele que fez Molecada 666, ele juntou uma galera e falou, cara vamos voltar com a banda aí, vamos começar uma banda, só ele gostava do nome DFC, e aí a gente resolveu fazer umas músicas, usar alguma coisa que tinha antiga, e aí em 92/93 a gente começou com essa parada de ter a banda mesmo, com esse DFC aí, não deu certo com ele nem com o Podrinho e d´no esquema foi eu né, chamei o Túlio, e o Túlio chamou o Miguel que tinha uma banda chamada Swankers, e o Túlio também chamou o Renzo, que era o batera, que era do DFTA, e dessa minha DFC assim, só sobrou eu e o Ralf que toca no Os Cabeloduro, foi isso aí,  e eu tive uma outra banda também, que eu tentava tocar bateria quando eu era bem moleque que se chamava MR4 ou MR8, nem lembro véio, MR alguma coisa.
Uma das marcas registradas, tanto do DFC como do Macakonks, são as letras cheias de ironia e humor negro, as vezes até incompreendidas, de que forma vocês decidiram seguir essa linha na hora de fazer as letras das músicas, mesmo abordando temas sérios, mas sempre se utilizando do bom humor com ótimas sacadas?
PHU:No DFC na real, eu não sei se de repente pela nossa formação, tipo de ouvir coisas irônicas, tipo SOD, Sex Pistols, que tinha o God save the queen, o Dead Kennedys com Kill the poor, o Camisa de Vênus com Bota pra fuder e Silvia sua piranha, era outra linha que tava se desenvolvendo no Brasil, o Raimundos teve isso também, não sei se de repente a nossa geração, o jeito que a gente vivia, então o sarcasmo, essa contestação, vem do punk rock, do hardcore, do Sex Pistols, do Dead Kennedys, então é uma coisa da nossa escola que a gente ouviu né, e das pessoas entenderem ou não entenderem a gente tá cagando um monte, no DFC tinha palavrão, palavrão pra caralho, uma coisa não era muito usada, já no Macakongs não tem nenhuma música dos quatro ou cinco álbuns, o quinto a gente tá gravando, que não tenha nenhum palavrão, no Satan´s Pray tem palavrão, e é voltado bastante pra parada de contestação religiosa, esse tipo de coisa assim, ironia com religião, com o cristianismo principalmente, mas de ironia a minha vida é assim também, apesar de não ser eu, de repente foram as bandas que forma me moldando pra ficar mais irônico, ou sei lá, mas acho que é minha vida que é mais pra esse lado irônico, essa é mais ou menos a onda.



Aproveitando que você citou o processo de gravação do novo álbum do Macakongs, como está o processo de criação desse novo trampo, vocês já possuem uma previsão de lançamento e o que a galera pode esperar desse trabalho, vai seguir a linha dos anteriores, vocês pretendem incorporar algum novo elemento ao som, que detalhes você poderia dar a respeito disso?
PHU:Esse álbum já era pra ter saído tem muitos anos, é uma longa história, que a gente gravou esse álbum com uma outra formação, e foi perdendo as coisas, perdendo os áudios, a gente já tinha gravado batera, e aí putz, com a troca de formação, foi perdendo, mas bem, aí gravamos as guitarras, e era pra lançar esse ano mesmo, a previsão era pra esse ano, que a gente tá fazendo 19 anos, e outro no ano que vem que a gente vai estar fazendo 20, o que a gente fez, seguramos, pegamos o disco e estamos agora na fase de mixagem, eu vou mandar com exclusividade uma música, mas não vai ser mixada, vai ser gravada de celular, pra vocês, que vai ser uma pré-mix, sem a parte de edição, são nove músicas, o nome do álbum é "Amor", tem muita coisa baseada no som em algo de Catharsis, e tem alguma coisa de No Mercy, que é uma banda que a gente gosta muito, o Michel do Lethal Charge fez seis letras, então é fudido cara, é muito carregado, tem participação do Dino Black, do Cigano Igor, que foi o vocalista dos três primeiros álbuns, cantou uma música no Tropicanalia e não poderia deixar de cantar uma música nesse, participação do Felipe Chehuan do Confronto/Norte Cartel, ele sai ano que vem, em janeiro, pra comemorar os 20 anos, a gente quer lançar muita coisa, um DVD documentário da banda, quer filmar um DVD mesmo que não lance, ou lance até dezembro, tentar fazer uma turnê brasileira legal, se não der a gente tenta uma turnê europeia curta, de 15 dias, além desse álbum a gente quer lançar um EP com essa nova formação, com uma outra linha de som que a gente tá desenvolvendo.




Esse ano o Macakongs completa 20 anos de existência, além do disco de inéditas, que vocês tiraram da gaveta, existe a possibilidade do relançamento do catálogo da banda, já que seria interessante com o novo disco saindo, caso as pessoas procurem por materiais anteriores, até mesmo por uma questão pessoal, já que quero adquirir esse material...rs
PHU:Vou te dar uma boa notícia e pra quem gosta de material físico, como é meu caso, número um, eu tenho ainda disponível o Bonitos, Ricos...e tenho o Ultimate, esses eu tenho em catalogo, eles não saíram, o primeiro saiu, o Biquínis, agora o Tropicanalia eu tenho ainda algumas peças, porque ele saiu em parceria com outros três selos, eu tenho, não sei se os outros selos tem ainda algum material, eu ainda disponibilizo, então só pra recapitular, segundo álbum, o Ultimate Hot, Bonitos, Ricos...,e o Tropicanalia, ainda estão em catalogo, o que não está mais em catalogo, o primeiro que é o Bikinis, mas vou te dar uma informação em primeira mão, eu vou disponibiliza-lo em comemoração aos seus 20 anos de lançamento, de bônus track no próximo álbum do Macakongs, que é o “Amor”, como o disco esgotou, conversei com a banda e vou disponibilizar pra galera pra comemorar os 20 anos da banda.
Com relação ao Satan’s Pray, desculpe a falta de conhecimento, mas vocês possuem algum outro material lançado além do Satan is love? Quais são os planos para o SP, existe algum projeto de novo álbum, ou o foco é total no Macakongs?
PHU:Então cara, o Satan’s Pray desde o início é um projeto maluco, não tem nada pra esse ano, tem a Ray que canta na banda e a gente depende muito do esquema dela, o Podrinho que era o primeiro vocalista que gravou o disco, tava afim de fazer um som, nós conversamos com a Ray, justamente para ter os dois cantando, mas acaba que os dois são muito enrolados, então a gente não tem um planejamento para 2018 igual a que tem do Macakongs, se acontecer vai ser legal, já tem um batera novo que era do Macakongs, que é o Fred Van, eu, tem a Ray, a história do Podrinho de repente vir cantar com ela, agora vai depender deles, porque eu estou focado nos 20 anos do Macakongs, é isso que eu vou me dedicar, disco, EP, DVD, turnê, Lyric vídeo mensal, shows trazendo uma galera pra Brasília, indo tocar, então é dedicação total a isso, se acontecer eu vou gostar muito. Sobre o material só tem o Satan is love mesmo, nós começamos a compor, umas cinco ou seis músicas, mas não virou.

OUÇA "SATAN IS LOVE":





Falando um pouco sobre a cena de Brasília, quem você destaca atualmente no underground local que merece uma audição mais atenta de nossos leitores?
PHU:Vou falar alguns novos nomes e outros nem tão novos, vou tentar evitar falar de bandas mais antigas, mas da cena mais antiga tem o Mais que palavras, muito legal, o Caos Lúdico, banda nova, Caligo, Darkrazor, Colizzor.
Cara, agora nossa pergunta de praxe, cite cinco discos essenciais da cena nacional na sua opinião, que você considere essenciais para a cena ou para sua formação como músico.

PHU:Então, é meio difícil essa parada, mas eu vou tentar fazer o seguinte vou botar assim, historicamente, Garotos Podres marcou minha vida, o primeiro álbum, Mais podres que nunca, aquilo foi foda, a capa, gravação, atitude, letra, rebeldia, época, final do regime militar, foi foda! Segundo, Ratos de Porão, Crucificados pelo sistema que ouvi na sequência, que eu falei, caralho, isso aqui é fudido, incrível, em terceiro, tem álbum aqui local, que se chama Rumores, que é underground e é de rock, ele tem o Detrito Federal de punk rock, ele tem o Elite sofisticada, tem o Arte no Escuro e tem o FinisAfrica, não é que gosto pra caralho mas ele tem uma importância enorme aqui pra cena de Brasília. O Sub foi muito foda, tem uma importância cabulosa, nem tanto pelo som, mas pela história, e o Ataque Sonoro, duas músicas cada banda, dez bandas, era incrível isso, hoje em dia não pega mais assim, mas pela história e pelo registro, tá aí.

Para finalizar, obrigado por falar com o Microfonia, foi uma honra poder trocar uma ideia com você e retratar sua trajetória, reservo esse espaço para que deixe seu salve para todos leitores do blog e fãs do Macakongs e Satan’s Pray, o espaço é todo seu!

PHU:Grato a você pelo carinho e atenção, muito bom ter esse reconhecimento, muito amor e saúde para os nossos e sabotagem para os inimigos...kkkkk



OUÇA A DISCOGRAFIA DO MACAKONGS 2099:




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Um comentário:

  1. Phu! Você é o cara mais fantástico e notável do mundo que eu conheço. Você é exatamente o que parece ser e isso é brilhante. As pessoas hoje em dia são cópias das cópias das cópias e sua autenticidade me inspira.
    Sou fã desse ser humano e artista careca e barbudo que eu AMO!
    😁🤘🏻

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