quarta-feira, 22 de julho de 2020

ENTREVISTA CRANIAL CRUSHER

A Cranial Crusher é uma banda de Thrash metal/Crossover, formada em 2010 lá em São Bernardo do Campo-SP pelos amigos Renan Stoiani (Baixo e vocal), Lucas Aímola (Guitarra) e Guilherme Fructuoso (Bateria). Desde então se foram vários shows, singles, Eps e agora os caras se encontram em processo de composição para um novo album e nos contaram um pouco de como andam as atividades da banda e como estão lhe dando com esse momento complicado de pandemia que atravessamos, pra saber mais confiram logo menos nosso papo e não deixem de conferir o trabalho da banda que manda um som muito foda!




Fala pessoal! Satisfação em poder ter a Cranial Crusher aqui no Microfonia, lançando a máxima de que o tempo voa, lá se vão dez anos de banda, olhando pra trás agora e revivendo um pouco dessa história, que momentos vocês destacariam na trajetória da banda que ficaram marcados de alguma forma?

CRANIAL CRUSHER: Fala pessoal, primeiramente obrigado pelo espaço, é um prazer enorme poder trocar ideia aqui no Microfonia Underground!
Bom, agora é a nossa vez de usar uma máxima, porque na real parece que foi ontem que tudo começou (risos)! Começamos a banda em fevereiro de 2010 e nessa época tocávamos só uns covers de Ratos de Porão, Misfits, Metallica e Slayer com uns equipamentos muito precários.  De lá pra cá todo mundo evoluiu dentro e fora da banda, tudo tem sido bem bacana, as composições, os lançamentos, os shows e todos os amigos que fizemos ao longo dos anos.
Aos poucos fomos incrementando ideias e influências de cada um e direcionando a banda para ter nossa própria sonoridade e isso é bem daora. Pouco a pouco foram aparecendo shows aqui e ali, alguns grandes e outros nem tanto. Nosso primeiríssimo show foi no clássico “festival da escola” que o Renan e o Fruto estudavam, a gente era tudo criança e tocamos só duas músicas e valeu bastante pela experiência, então fica como um dos destaques.
Vale citar também um show que fizemos em Poços de Caldas em 2016, tocamos era umas 4h da manhã e tinha zero pessoas na casa mais ou menos. Nesse dia deu tudo errado, quebrou a bateria no meio do show, não nos pagaram o valor que tinha sido combinado e dormimos num hotel muito podre. Na época ficamos meio putos, mas hoje damos muita risada disso, foi uma aventura (risos).

Vocês mantêm a formação original da banda como os mesmos membros até aqui, a que se deve a longevidade da parceria, visto que infelizmente não é comum no meio underground a durabilidade nem de formações e nem de bandas?

CxCx: A gente já tinha uma amizade antes mesmo de formar a banda. O Renan e o Fruto estudaram juntos por vários anos e se conhecem dos tempos de escola, depois conheceram o Lucas através de amigos em comum e de lá pra cá a parceria só se fortaleceu. Vira e mexe a gente manda o outro à merda, mas esse tipo de atrito faz parte e a gente leva numa boa. A longevidade da formação se dá justamente ao fato da banda ter surgido em meio a uma amizade, então tudo acaba sendo bastante sólido. É diferente de quando você tem apenas “músicos” numa banda, vira praticamente uma relação profissional. Felizmente esse não é o nosso caso!



Quando vocês se reuniram como banda já havia um senso comum de como vocês gostariam que soassem? Quais foram as referências que vocês usaram de inspiração na hora de moldar essa questão da sonoridade?

CxCx: Na real bem no começo da banda a gente só tocava e não sabia muito onde queríamos chegar. O Lucas era de uma pegada mais metal tradicional, heavy metal e tal. Já o Fruto curtia thrash metal bem oitentista e o Renan também, mas tinha bastante influência de punk, hardcore e crossover. Essa diferença foi super positiva, fomos agregando as influências individuais à banda e com o passar dos anos nosso som foi moldado e direcionado pra algo que a gente curta.
Mesmo hoje a gente traz influências de várias escolas diferentes, então o resultado acaba sendo bem heterogêneo, com sons que vão desde uma pegada mais crust punk até uns thrash metal da velha guarda, passando pelo heavy metal, crossover e vários outros estilos.

Estou escrevendo a entrevista nesse momento ouvindo a discografia da banda e traçando uma linha do tempo, após o single de “Too many cops” em 2012, o primeiro lançamento da banda foi o Split com a Cerberus Attack, lançado em CD como “Cranial Attack”, como foi a gravação desse material, a banda já possuía experiência de estúdio? Vale observar que foi gravado ao vivo, como foi esse rolê e o que vocês fariam diferente hoje? 

CxCx: Essa gravação do split foi sensacional, pois gravamos na quebrada dos caras do Cerberus ao vivo mesmo, como você disse. Foi nossa primeira experiência em estúdio e nessa época a gente tava ensaiando demais, quase todo o fim de semana umas 5h por dia. Aí saímos de São Bernardo de ônibus, pegamos umas 3 conduções pra chegar no estúdio e tudo isso fazendo a maior farra no caminho! Então a gente só chegou lá, gravamos e fim, não tínhamos muita noção das coisas.
Na real não faríamos nada muito diferente, quer dizer, foi o que era pra ser mesmo saca? De repente só ajustar melhor os timbres, afinar os instrumentos direito (risos!), regular bem os equipamentos e tal, mas rolou legal e o split registra bem o momento. A gente chegou lá e tocou como se fosse um show e foi uma experiência bem bacana.

A banda participou do tributo ao Lobotomia, com a faixa “Faces da morte”, ficou muito foda vocês tocando esse som, como surgiu o convite pra participar desse corre? Lobotomia é uma influência no som da Cranial Crusher?

CxCx: Na época uma das bandas que ia participar da coletânea ramelou e o Edu Voodoo (Lobotomia) tava precisando de uma banda pra colocar no lugar. Aí um grande amigo nosso, o Bodão (Profundezas), que é um grande amigo do Edu, falou da gente pra ele. Inclusive tínhamos tocado no rolê que o Edu agitava (Garage Fest, em Ribeirão Pires - SP). Aliás, nesse dia a gente tocou um cover de “Nada É Como Parece” do próprio Lobotomia com o Edu no vocal, mas sem pretensão nenhuma e acabou sendo muito louco. No fim das contas o Edu curtiu a sugestão e gravamos Faces da Morte, mas a coletânea infelizmente ainda não foi lançada.

Vivemos um momento muito difícil para as bandas e músicos e cultura em geral, já que não temos ideia de quando poderemos voltar a ter shows e nem de que forma isso será feito no futuro, como vocês tem encarado essa situação e quais são as saídas que vocês acreditam que poderão ser utilizadas pra voltarmos as atividades no underground em termos de shows?

CxCx: Desde o ano passado já não vínhamos realizando muitos shows devido à gravação do novo play. Aí esse ano de 2020 veio, pandemia e tudo mais e atrapalhou muita coisa, tínhamos planos pra celebrar os 10 anos de Cranial, merchan e disco novo e várias coisas legais que infelizmente não conseguimos concretizar até o momento, mas seguimos na correria e com esperanças de tempos melhores.
Estamos aproveitando esse tempo livre pra agilizar novas composições, fazer alguns corres da banda que tinham ficado pra trás e também pra dar atenção a outras atividades pessoais que acabaram ficando de lado.
Agora o futuro é bastante incerto, não há muitas saídas seguras para a retomada de atividades a não ser esperar por uma vacina e pela redução do números de novos infectados.
Enquanto isso, da nossa parte estamos ficando ao máximo em casa e seguindo as orientações dos profissionais de saúde. Só assim pra voltarmos à normalidade o quanto antes.
Em relação aos eventos, as transmissões ao vivo estão ganhando bastante espaço, então pode ser que o esquema de shows mude um pouco, mas claro que essa é só uma suposição porque fica difícil pensar em saídas viáveis no momento. Sabemos que a situação ficou difícil pra muita gente, principalmente pra quem vivia disso, seja de uma casa de show, barzinho, loja, estúdio. Infelizmente vimos alguns picos que tocamos fecharem, é bastante triste.

Pra deixar de lado esse fator negativo da pandemia, vamos cair no ditado de que recordar é viver, quais as apresentações da Cranial Crusher que ficaram marcadas na memória da banda e que histórias vocês citariam como inesquecíveis dos momentos de estrada da banda que vale a pena compartilhar?

CxCx: Em Piracicaba-SP, em 2012, com o Bandanos e Violent Illusion, primeiro show “oficial” do Cranial: a gente tava nervoso pra caramba e foi bem louco; abertura para o Violator em São Bernardo do Campo-SP em 2013: fizemos grandes amigos nesse dia; Overload Clandestino quando tocamos na calçada do Carioca Club (SP) na porta do Overload Beer Festival, fizemos um corre absurdo pra viabilizar essa invasão, contamos com o apoio de vários amigos e deu tudo certo, foi muito foda; festival Da Rua pra Rua em São Bernardo do Campo-SP em 2017 organizado pelo Coletivo Refuse Resist, quando tocamos na carreta de um caminhão;  Tinguá Thrash também organizado pelo Coletivo Refuse Resist (exemplo de parceria e união no underground, inclusive tem vídeos muito bem produzidos deste evento e até um mini documentário que recomendo que assistam!), todas as apresentações da pista de skate de São Bernardo do Campo, todas as vezes que tocamos no Mineiro Rock Bar em Osasco-SP, todas do finado bar CPB em Cambuí-MG do nosso grande amigo Mané e por fim e não menos importante, a ve que tocamos com o Ratos de Porão em Santo André-SP.





Eu sempre falo com os amigos e parceiros de Microfonia por aqui que o Brasil é o país do Thrash metal e do crossover, produzimos bandas incríveis nesses gêneros, gostaria que vocês nos indicassem que bandas nacionais consideram seminais dentro dessa vertente?

CxCx: Securitate, Alucinator, Cerberus Attack, Suffocation of Soul, Bastardo, Damn Youth, Exorcismo, Heritage (e todas as bandas que o Rodrigo Costa já tocou. O menino é um prodígio dos riffs!) Metalizer, Criminal Mosh, Bandanos, Acid Speech, Bomb Threat, Dunkell Reiter, Hate Your Fate e por aí vai (esse tipo de lista é sempre injusta porque tem muito mais bandas que conseguimos citar...)

Em fevereiro vocês lançaram um novo som, “Tendência Suicida”, single do próximo album da banda, pretendem lançar ainda em 2020 ou os planos foram afetados por conta da pandemia?

CxCx: Como dissemos anteriormente, os planos que tínhamos pra esse ano foram muito afetados pela pandemia, mas não desanimamos. Seguimos compondo e trabalhando em material novo, mas sem data prevista para lançar nada. A única certeza que temos é que tá tudo incerto!



Ainda sobre esse vindouro novo álbum, o que poderiam nos adiantar a respeito? Quantas faixas terá? Já possui um título? Arte da capa? Como estão essas questões com relação ao novo trampo?

CxCx: Vamos lá, em primeira mão aqui hein! A ideia do disco é abordar todo o ódio que um ambiente de trabalho hostil pode gerar, como o proletariado é explorado, relações tóxicas no ambiente de trabalho e a revolução/guerra de classes. A arte inclusive já tá pronta e ficou muito foda! Foi feita pelo Ronilson Freire (Jackdevil, Electric Poison), que é também ilustrador de quadrinhos, então tá um trampo fino demais, mas que só vamos soltar mais pra frente. Também vamos lançar novas camisetas e merchan que tá dando gosto de ver. Aguardem!!!

Mantendo nosso tradicional pedido infame a todos os entrevistados, gostaria que nos dissesse quais são os cinco melhores álbuns de todos os tempos segundo a Cranial Crusher?

CxCx: Mencionar apenas cinco discos gerou muita discussão entre nós, então decidimos citar alguns poucos (dos vários) que são de extrema importância para nossa escola musical. São eles:

Beneath the Remains - Sepultura
Nada é Como Parece - Lobotomia 
Tortured Existence – Demolition Hammer
Kill ’em All - Metallica
Handle with Care – Nuclear Assault
Walls of Jericho - Helloween
Best Wishes – Cro-Mags
Lights, Camera, Revolution – Suicidal Tendencies
Brasil – Ratos de Porão
Pela Paz em Todo o Mundo - Cólera
Antes do Fim – Dorsal Atlântica
We Crush Your Mind with the Thrash Inside - Bandanos
The Legacy - Testament
Reign in Blood - Slayer
Nada Como um Dia Após o Outro Dia – Racionais MCs

Pra finalizar, gostaria de agradecer novamente por falar com a gente e reservar esse espaço pra que mandem seu salve como desejar.

CxCx: Obrigado pelo papo, foi muito bacana! Além do som, temos mensagens importantes a transmitir por meio de nossas letras, então sempre procurem lê-las e falar conosco quando quiserem. Pra nós no underground não deve existir divisão entre público e banda e o diálogo e a troca de ideias são muito importantes!
Além disso, pedimos a todos que se cuidem e tomem todas as precauções possíveis para que possamos sair dessa situação o quanto antes e da melhor forma! Até lá, tentem manter-se bem e fortaleçam laços com amigos e familiares, a união é muito importante! Apoiem os pequenos, sejam músicos, bandas, artistas e comerciantes. Valeu!
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