O Nordeste sempre foi um grande polo de produção cultural, revelando grandes nomes para a música brasileira em geral, mas no tange a som extremo a região também é referência, diversos nomes vem despontando ao redor dos anos, mas aqui vamos tratar especificamente de um desses nomes, Facada! Formação grindcore cearense, com 15 anos de estrada, autoridade no gênero e que vem trazendo novidades para os adeptos da brutalidade sonora, segue o texto que você vai poder saber um pouco mais a respeito!
Vamos começar relatando um pouco da trajetória dos membros
da Facada, como e quando vocês começaram a se envolver com música e em que
momento se reuniram dando vida a essa entidade do grindcore?
Desde quando a gente se conhece que cada um tinha banda
ou andava em shows e participava do underground de alguma forma. Eu e o Dangelo
tínhamos uma banda de doom metal bem no começo e sempre tocamos juntos em
outras coisas e o Ari tocava em alguns projetos e o Danyel também. Quando
começamos o facada (em 2004), cada um tocava em outra banda e começamos mais
como um projeto pra gente se divertir do que qualquer outra coisa, nossas
bandas estavam ficando muito sérias e queríamos fazer uma coisa diferente.
Continuando nas apresentações, como vocês descreveriam o som
da Facada para aqueles que ainda não conhecem a sua música?
Acho que resumindo a gente toca grindcore. Claro que
nosso som tem várias facetas, vários caminhos, tem gente que nos compara a
muitas bandas, incorporamos muitas influências, mas tocamos grindcore.
São quase quinze anos de estrada, alguns demos e discos na
bagagem e muitas apresentações ao vivo, e sempre demonstrando fidelidade a
identidade do som que vocês desenvolveram ao longo desses anos, a que vocês
creditam a sobrevivência da banda por todo esse tempo, mesmo fazendo um som
totalmente extremo e underground?
Acredito por que gostamos do que fazemos. Ninguém na
banda faz cobranças quanto a posturas musicais ou ideológicas. Somos amigos
antes de tudo e cada um conhece o outro desde faz muito tempo. Além disso,
temos uma forma já bem definida de como a banda deve funcionar o que facilita
bastante como compor e de como a banda deve funcionar. Acho muito difícil que
mudemos nosso som algum dia, sempre procuramos evoluir seguindo uma linha, não
temos a intenção de fazer outra coisa.
Facada está prestes a lançar um Split com a Stheno, que vai
contar som sete faixas de vocês, que sons vão entrar nesse Split, são inéditas,
regravações? Vocês poderiam nos dar mais detalhes sobre este lançamento?
Ele inclusive já saiu (pela LAJA records, D.I.Y KOLO
Records, Scull Crasher Records e Drunk with Power Records) e quem agilizou tudo
foi o Leon, guitarrista do Stheno, falta só chegar aqui. A ideia era um 7”, mas
resolvemos fazer em CD pelo custo e quantidade. O Stheno é uma banda foda da
Grécia que mistura grindcore com black metal então casou com a nossa ideia. Iam
ser 7 músicas nossas, mas não deu tempo de finalizarmos 3 sons então ficaram 4
que já tínhamos gravado. Serão 7 músicas deles e o material ficou MUITO bom.
Esse é nosso primeiro split da banda.
Qual o conceito utilizado pela banda para escrever as
letras, que temas vocês costumam abordar em suas músicas?
Geralmente a gente fala das pessoas e tudo que envolve
as suas fraquezas, desilusões, imperfeições. Tem músicas que são pequenos
contos reais, tem outras que são pesadelos, tem historinhas de terror, tem
referência a livros, tem aviso pra gente mesmo, mas todos envolvendo pessoas.
Vocês liberaram alguns covers que gravaram e com escolhas
bem inusitadas, como “Igreja” do Titãs por exemplo, o trabalho parece já estar
próximo de seu lançamento físico, “Nenhum puto de atitude”, será um disco só de
covers ou vocês vão mandar algum material inédito junto?
Esse disco vai ser só de covers. A gente tinha esse
plano já fazia um tempo, mas era pra ser só um 7”. Alguns covers que pensamos
que ficariam legais na nossa versão, mas aí fomos decidindo as músicas e cada
um foi dando opinião e as músicas foram aumentando. Quando fomos falar com os
selos, ele deram a ideia de ser um 12”, então fizemos metade Brasil e metade
bandas de fora. Gravamos praticamente junto o de covers e o novo. Esse de
covers não ensaiamos as músicas uma única vez, só passava a música na hora e já
gravava. E achamos o resultado muito bom. Outro que já tá na fábrica agora.
A cena underground do nordeste é muito forte e sempre revela
excelentes bandas, que bandas aí da região vocês destacariam pra quem quer
conhecer a cara da cena nordestina?
O nordeste tem muita banda boa e teria que fazer uma
lista enorme de bandas de todos os estilos que não caberiam aqui, além da minha
memória ser péssima...hehehehe. Das que eu lembro tem a Damned youth, Faixa de
gaza, Rabujos, Obitus, Lepra, Capitalistic Death, Desgraça maldita, são
muitas...
Em maio vocês participam de um evento em Recife-PE, vão
dividir o palco com o GBH e o Ratos de Porão, como rolou o convite pra
participar desse show e qual a expectativa de poder se apresentar ao lado
desses ícones do hardcore mundial?
Esse festival vai ser demais, talvez o mais punk que já
tocamos. Serão muitas bandas fodas de todo o nordeste, como Rotten Flies, Nação
corrompida, Karne Krua, Cachorro da duença e subversivos, fora o RDP (que já
tocamos algumas vezes), GBH, Total Chaos. É muito massa poder tocar junto de
quem fez história tocando e participando do movimento punk. Tantas bandas que
ouvimos e vamos ver de perto. Coincidência que gravei os vocais de uma música
do GBH que o Stheno fez cover no split. Além que vamos fazer o relançamento do
Indigesto nesse show que vai sair pela Pecúlio do Boka.
Vocês já rodaram praticamente todas as regiões do país, ao
longo de sua carreira vocês acham que houve melhora quanto a estrutura e
organização de eventos underground no Brasil?
Depende. Ainda tem produtores que acham que o
underground é fazer mal feito de qualquer jeito e que se sua banda é do
underground pode aceitar qualquer coisa. Que você pode ficar em qualquer lugar,
deitar no chão, tocar de qualquer jeito. Mas também tem quem se esforce pra
fazer bem feito: que dá suporte pra que as bandas possam fazer seu som da
melhor forma, dando um som decente, organizando para que tudo corra bem. Acho
que nesse aspecto o Brasil cresceu bastante pelo fato de muitas bandas do
submundo mundial vierem tocar aqui e as pessoas verem que existe um mínimo de
organização. Hoje temos muitos Festivais organizados e bem estruturados, como
também shows pequenos feitos dessa forma. Mas, infelizmente, ainda existem
muitos pilantras pela cena.
Pra finalizar, gostaria de agradecer pela atenção e reservar
este espaço pra que mandem seu salve ao leitores do Microfonia e todos que
acompanham a banda! Valeu!
Valeu a todo mundo que leu a entrevista e que gosta da
banda, muito obrigado pelo espaço concedido. Tem muita coisa nossa saindo por
esses dias, procura facadanagoela na internet que tem tudo por lá! Valeu.
Contato Facada:
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