terça-feira, 14 de janeiro de 2020

ENTREVISTA MOLHO NEGRO

A Molho Negro é uma daquelas bandas que me dão muita satisfação de poder fazer parte de um cenário tão diversificado quanto o do nosso país, considero esses caras uma resposta pra quem acha que o rock morreu ou que não há nada de novo acontecendo, aliás, é apenas um dos ótimos exemplos em meio a enxurrada de bandas novas e já estabelecidas que produzem materiais excelentes, é incrível poder tê-los aqui no Microfonia, espero poder assistir a um show deles em 2020, e vocês podem sacar um pouco do que pretende a banda através do nosso papo com o vocalista e guitarrista João Lemos!!! Recebam!!!




Fala pessoal, primeiramente obrigado por falar com o Microfonia, a primeira que me vem a cabeça aqui é saber, porque Molho Negro? Como surgiu a ideia de dar esse nome a banda e aproveitando que estamos falando do início, como foi o começo da banda?

João Lemos:A história do nome é bem frustrante porque na verdade foi um amigo nosso quem batizou a banda, e pelo que eu acredito até pra ele foi de uma forma meio aleatória, vai ver ele queria pregar uma peça na gente… conseguiu haha

Já que estamos falando sobre o começo de tudo, que bandas e artistas influenciaram a Molho Negro, o que vocês costumam ouvir que serve de referência pra banda?


João Lemos: Olha, acho que quase tudo acaba influenciando um pouco, falando por mim, eu gosto bastante daquele esquema canção + guitarra pra caramba. Mas acho que tudo ao redor influencia a compor, as pessoas com quem convivemos, o país, a conta bancária

“Normal” (2018) trouxe bons resultados para a banda, como vocês avaliam os resultados obtidos após esse período de shows pra divulgar seu terceiro registro?


João Lemos: Tem sido bem legal esse processo com o Normal, porque pelo fato de ter sido lançado pelo Flecha, acabou apresentando a banda pra um público que talvez nós ainda não tivéssemos conseguido atingir, então mesmo sendo o terceiro disco, em muitos momentos e pra muita gente é como se fosse o primeiro, isso é ótimo.

Quais as vantagens em fazer parte de um selo, uma vez que “Normal” foi o primeiro registro da banda a sair em pareceria com um selo, a Flecha Discos?


João Lemos: Acho que a vantagem principal é essa, de criar novos laços, com uma outra bolha 

Como foi o processo de mudança de Belém para SP, isso facilitou a viabilidade da banda pra vocês?


João Lemos: Ajudou bastante, estamos a 3 anos morando em São Paulo e conseguimos facilitar bastante a circulação e tudo mais, conseguimos ir anualmente em lugares que antes era bem mais complicado.

Vocês tocaram na edição de 2019 do Lollapalooza, na abertura do palco Adidas, conte-nos como foi a experiência de tocar num festival do tamanho do Lolla e como foi a recepção do público?


João Lemos: Foi muito legal, mesmo cedo o público que vai pra um festival como o Lollapalooza é muito animado e interessado, isso é ótimo, sem contar que pra quem gosta da banda foi meio que uma reunião, tinha gente de tudo que é canto do Brasil que gosta da gente que meio que se encontrou no dia. 



A banda segue numa pegada legal de lançamentos desde que surgiu, vocês já tem algum material que pretendem lançar em 2020? Em 2019 vocês soltaram o single “Contracheque”, esse som fará parte de um novo disco? Quais são os planos para este novo ano?


João Lemos: Contracheque provavelmente não vai entrar em nenhum disco não, mas é quase certo de que em 2020 tem coisa nova sim, em breve vai ter.

As letras da Molho Negro são um episódio a parte na hora de ouvir o som, vocês conseguem um balanço entre abordar temas sérios mas com uma boa dose de humor o que deixa tudo ainda mais interessante, como funciona o processo criativo da banda na hora de escrever as letras?


João Lemos: Não acho que eu tenha muito bem um “processo” pra criar uma letra, na verdade é tudo reflexo das experiencias e frustrações, acho que essa forma de falar de algo que me deixa com raiva mas que vai fazer você rir provavelmente vem de algum mecanismo de defesa, algum trauma de infância ou coisa assim, enquanto um psicanalista não me explica eu sigo me escondendo nisso ai haha

Como estamos falando de suas letras, gostaria de dizer que “Gente chata” é minha faixa preferida de “Normal”, inclusive fiquei muito a fim daquela peita que vocês fizeram com o trecho da letra, onde podemos encontrar merch da banda para adquirir, Cds, camisetas?


João Lemos): As camisas tem pra vender pelo site da Sabot (https://www.sabot.com.br/flecha-discos ) o resto do merch a gente costuma vender nas tours.

Falando um pouco sobre cena, quando ouço bandas como a Molho Negro tenho vontade de esfregar o material na cara de pessoas que dizem que o rock morreu, que o underground está respirando por aparelhos, vejo que há muita coisa surgindo e creio que durante as turnês vocês se deparem com muitas bandas, o que vocês indicariam de novos sons pra quem quer ter contato com novos sons ou até mesmo para os descrentes que acham que o rock parou nos anos 90?


João Lemos: Quem diz uma coisa dessas merece mesmo ficar refém da monocultura do mainstream… mas acho que pesquisando tem muita gente fazendo música interessante e relevante no país hoje, as próprias bandas do Flecha são boas, destacaria o Demonia de Natal, que pra mim é uma das coisas recentes mais relevantes, se tratando de “rock”.



Ainda no campo dos cenários musicais brasileiros, gostaria que nos contasse como é o underground de Belém, morei por cinco anos no amazonas mas não tive oportunidade de visitar o estado do Pará, o que vocês indicam para nós da cena paraense?

João Lemos: É uma cidade grande, desigual, violenta, e provavelmente por isso é culturalmente muito rica, pra todos os lados, falando de bandas de rock, a gente tem Turbo, Delinquentes, Sokera, O Cinza, pra citar só alguns nomes.

Mantendo nossa tara por listas, quais são os cinco maiores discos da história segundo a Molho Negro?


João Lemos: Nossa, impossível essa hahaha, vou falar por mim e não consigo fazer os da história, mas consigo fazer os que eu mais ouvi nos últimos anos, ok?

Idles - Joy as an act of resistance

Shame - Songs of praise

The Chats - Get this in ya

Courtney Barnett - Tell me how you really feel

Beck - Hyperspace

Gostaria de agradecer por falar conosco, e reservar este espaço pra que deixem seu salve registrado como bem entender! Valeu!

João Lemos: Pô que isso, brigado pelo convite! Se você chegou até aqui nessa entrevista e não conhece a banda, acho que não custa nada ir dar uma procurada na internet pra ouvir e ver o que acha.


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