Vitor, em primeiro lugar, é
uma honra ter você como nosso entrevistado do Microfonia! Seja muito bem vindo!
Temos uma lembrança muito foda que envolve sua pessoa: eu (Beto), Evandro e Ronaldo,
integrantes desse coletivo, ficamos maravilhados com a sua receptividade e
simpatia quando estivemos em São Luís em 2012 no fatídico MOA (Metal Open Air)
e você trocou ideia com cada um de nós quando nos encontramos nas escadarias do
Centro Histórico da cidade. Pode ter certeza que até hoje comentamos desse
episódio bacana em meio ao caos que se instaurou naqueles dias de festival.
Deixamos nosso muito obrigado, de coração!
Vitor Rodrigues – O prazer é todo meu, Adalberto e que lembrança
boa demais!! Sim, estava um verdadeiro caos e lembro-me de ficar extremamente
chateado com tudo o que ocorreu. Aproveito para deixar minha gratidão com todos
vocês meus amigos.
Comente como vocês da banda estão encarando esse desafio de gravar composições em seu novo trabalho no Tribal Scream em meio a toda essa pandemia da COVID-19. Conta pra nós como está esse processo de gravação que imagino ser diferente e inédito para todos vocês.
VR – Sim, essa é uma nova situação que estamos
enfrentando e nos adaptando e nisso a tecnologia está desempenhando um papel
fundamental para que possamos trocar muitas ideias. A composição ficou mais
intimista e desafiadora, e isso é muito saudável porque as músicas vão ter um
nível alto de qualidade. No Tribal Scream a coisa funciona com cada um em sua
casa criando ideias e elas são compartilhadas para que todos possam dar uma
opinião. Essas ideias são gravadas e vamos agregando arranjos. Após todos
ficarem satisfeitos com a composição, cada um vai gravando suas partes e a
partir daí partimos pra gravação propriamente dita num estúdio seguindo todas
as normas de segurança e distanciamento.
Apesar dessa incerteza mundial, o álbum de estreia tem previsão de lançamento nas mídias?
VR – Estamos trabalhando rápido e esperamos lançar o
álbum ainda esse ano, mas a certeza é que iremos soltar alguns singles antes e
também estamos analisando a melhor forma de lançá-los.
E o processo seletivo para
escolher o baterista? Como foi essa busca? Teve muita gente boa?
VR – Olha, posso afirmar que foi uma das coisas mais
difíceis que já fiz na vida. O nível estava realmente alto com excelentes
bateristas. A cada novo vídeo recebido a responsa só aumentava para escolher
aquele que melhor se adequasse às ideias e sonoridade da banda. E o grande
vencedor foi o Estevan Furlan, baterista oriundo de Campinas. Teve muita gente
boa sim e isso só prova a enorme quantidade de talentos espalhados pelo Brasil.
As composições desse futuro
play seguirão na linha temática aproximada ao do álbum “Mandu”?
VR – As composições não seguirão a linha temática do
Mandu, mas isso não quer dizer que não possa ter uma ou mais faixas
relacionadas à temática indígena. Depende da inspiração.
Por falar em “Mandu”, eu considero esse disco uma aula de história do Brasil, porque você resgatou a vida de Mandu Ladino, um indígena da tribo tapuia de etnia Kariri que liderou por sete anos entre Ceará, Maranhão e Piauí ataques constantes contra os colonizadores bandeirantes que, ao longo dos Sécs. XVII e XVIII travou uma carnificina sem precedentes no interior do Brasil. Em resumo, uma figura de alta importância na história brasileira, mas que não está nos livros escolares. Diante disso, qual a sua opinião com relação a trabalhos como esse do Voodoopriest ser uma espécie de gatilho de conhecimento para maior engajamento para a comunidade indígena e pessoas brancas que queiram defender a causa?
VR – Fico muito agradecido pelas palavras. Tudo começou
quando eu procurava um tema para uma música apenas e me deparei com uma resenha
de um jornalista falando do livro Mandu Ladino de Anfrísio Lobão Castelo
Branco. Quando acabei de ler percebi que estava diante de um tema que não
caberia somente em uma música, mas de um disco inteiro. Em suma, um álbum
conceitual. Na verdade eu já tinha a ideia de fazer um álbum conceitual na
época do álbum “The Unholy Spell” do Torture Squad. Infelizmente não rolou
porque o tema sobre ovnis e alienígenas é muito vasto e complexo e precisaria
de tempo para ler, entender e assimilar e passar isso para uma letra, para um
disco inteiro.
Enfim, o objetivo do álbum Mandu
não foi – num primeiro momento – de engajar pessoas, mas acima de tudo mostrar
a importância histórica que Mandu Ladino, e de tantos outros chefes indígenas
tiveram defendendo seu território e seu povo, mas fico imensamente grato se as
pessoas entenderam completamente o contexto do álbum e inspiraram a buscar
conhecimento sobre os povos que viveram aqui antes da exploração danosa do
conquistador europeu.
Em paralelo a isso, tem o
Victorizer, no qual vocês estavam a todo vapor para lançar o play até chegar a
pandemia da COVID-19. Lembro bem que no ano passado vocês fizeram uma turnê no
sul, onde vocês soltaram um “spoiler” de duas músicas (“Personal War” e “Back
to the War Zone”). Vocês só estão esperando normalizar para lançar o disco de
estreia?
VR – Exatamente! Além da pandemia, muitas outras coisas
contribuíram para que a gente ficasse em compasso de espera; a ida do
guitarrista Woesley Johann para o Nervochaos e a finalização do estúdio na casa
dele foram também outros motivos. O disco está praticamente finalizado restando
apenas alguns detalhes, mas estamos esperando essa pandemia acabar para
voltarmos ao trabalho, gravando e fazendo shows!
Você tem ótimas participações em discos de outras bandas (Korzus, Claustrofobia, Glory Opera, Hammathaz, Carro Bomba, Tuatha de Danann, Genocídio e tantos outros). Conta pra nós a experiência em gravar a excelente faixa “The Thin Line” com os fodidos integrantes do Setfire.
VR – O Artur Morais, vocalista do Setfire entrou em
contato comigo e gentilmente pediu uma participação minha em uma faixa do disco
deles. Já conhecia o trabalho deles e para mim foi um enorme prazer. Além de
gravar a minha participação, conversamos muito sobre o disco deles, o mercado
musical entre outros assuntos e eu gosto muito de fazer participações porque é
muito enriquecedor cantar em bandas com estilos diferentes.
E o Volume 11? Como anda?
Projetos para o futuro?
VR – Tanto o perfil do Volume11 no Instagram como o
programa de webradio estão na geladeira. Apesar de que o perfil no Instagram
ainda continue, mas não sei se vou continuar. Entretanto, os meus blogs – Vitor
Rodrigues Blog e Blog do Volume11 – estou curtindo mais fazer porque a resposta
do público está sendo muito maior. O engajamento é legal e fico sem aquela
pressão de postar todo dia. Mas ainda estou estudando a melhor forma de
divulgar tudo isso. Tudo é relativo e a qualquer momento posso voltar com o meu
programa de webradio, ou não.
Com relação ao Torture Squad, você teve uma carreira promissora na banda, lançou ótimos trabalhos (“Pandemonium” e “The Unholy Spell” são meus preferidos!). Mas um episódio em especial que me deixou orgulhoso demais em ser brasileiro foi quando vocês venceram o Metal Battle em 2007 para representar o Brasil no Wacken em 2008. Fique a vontade de nos contar sobre o privilégio de ter ido representar o Brasil nesse festival imenso por duas vezes (2008 e 2011), as impressões da Alemanha e Europa, estrutura do evento, fãs europeus...
VR – O maior objetivo que tínhamos na época era ir pro
Wacken e divulgar o trabalho da banda para uma enorme quantidade de pessoas
(promotores, empresários e jornalistas internacionais), mas fomos agraciados
com o título de campeão do Wacken Metal Battle daquele ano (2007) e isso nos
ajudou e muito para que o nosso nome fosse conhecido internacionalmente. A
sensação de vencer o concurso é impossível de se explicar. Com toda a certeza é
um dos ápices da minha carreira como músico e com a vitória que tivemos fomos
convidados a voltar a tocar no Wacken em 2008 como atração do festival.
Simplesmente gratificante em todos os sentidos!
Em sua opinião, qual disco
do Torture Squad que mais curtiu sem você nos vocais?
VR – São discos bem diferentes em matéria de
vocalizações, e é aí que resume a beleza desses dois discos – "Esquadrão de
Tortura" e "Far Beyond Existence" – e com toda a sinceridade curti os dois.
Cite para nós três vocalistas que te inspiram a todo o momento quando você pega o microfone pra cantar.
VR – Olha, são muitas entidades que surgem quando estou
em cima do palco. Cada uma dessas influências maravilhosas me inspira, mas
posso citar Dio, Bruce Dickinson e Rob Halford como sendo as três principais.
Mantendo nosso tradicional
pedido em todas as entrevistas, poderia nos dizer quais são os 5 maiores álbuns
já lançados de todos os tempos segundo Vitor Rodrigues?
VR – Sim, posso sim:
1.
Judas Priest - Painkiller
2.
Slayer - Reign In
Blood
3.
Iron Maden - Powerslave
4.
Megadeth - Rust In
Peace
5.
Metallica - Master Of
Puppets
Pra finalizar, o Microfonia
Underground agradece demais a sua participação! É de extrema importância uma
entrevista desse peso em nosso canal para servir como fonte de inspiração para
bandas da cena que estão começando. Agradecemos demais a oportunidade e
desejamos vida longa a todos os seus projetos!
VR – O papel que vocês têm é muito importante para a
cena musical porque é uma ponte entre banda/artista e público, e sou eu que
agradeço imensamente pela oportunidade e desde já quero desejar a todos vocês
muita saúde, sucesso e muito metal. E para os fãs do meu trabalho quero dizer
que se não fosse o apoio, o respeito e a admiração pelo meu trabalho, eu não
seria absolutamente nada nessa vida. Muito obrigado pelo carinho e pela
fidelidade meus amigos!
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