sexta-feira, 12 de junho de 2020

ENTREVISTA SPIDRAX

Assim que coloquei pra rodar o novo disco da Spidrax, "Obituário" (2020), curti demais a energia e a sonoridade, cheguei a banda através do Marcelo Dod, que foi o responsável pela concepção da arte da capa do disco e me chamou atenção pra sacar do que se tratava e cá estamos a falar com a banda, pra conhecer um pouco mais sobre como foi o caminho até aqui, fica a dica caso ainda não tenha tido contato com o som dos caras, se você é fã de Horror Punk e de tudo o que permeia esse universo, pode colocar na playlist e escutar sem medo, no mais, confiram nosso papo e prestigiem o underground, pois nesse momento nosso apoio é fundamental!!!


Fala pessoal, obrigado por falar com o Microfonia, gostaria que nos contassem um pouco da história da banda, como surgiu o Spidrax?

Muito obrigado vocês pela oportunidade. A Spidrax é uma banda de Horror Punk fundada em 2014 na cidade de SP. As principais características da banda são os riffs pesados com letras curtas, refrãos marcantes e a temática de terror, sempre presente nas composições.

Falando um pouco mais sobre sua trajetória, como vocês enxergam a discografia da banda e que diferenças vocês apontam entre seus lançamentos, como foi a evolução da banda até “Obituário” (2020)? Tem algum disco que seria o preferido de vocês?

Temos muito orgulho de tudo que foi feito até aqui. A Spidrax sempre buscou uma identidade própria dentro do segmento do Horror Punk. Esse disco foi uma auto quebra dos padrões. Deixamos de lado o horror teatral, pra abordar o horror de uma forma simples e direta. Cada álbum tem a sua história, mas esse em específico, contem histórias de horror contadas por pessoas da vida real.

Pra quem não conhece o som da banda, como vocês descrevem a sonoridade da Spidrax?

Spidrax é a energia sonora contagiante do Punk, mesclada à temática subversiva, do horror e terror, 100% autoral e independente.

Seguindo nesse princípio, quais são as referências musicais, literárias e cinematográficas da banda, visto que dentro da vertente que exploram as temáticas sempre fazem alusão ao horror em suas variadas formas, o que ler, assistir e ouvir para se conectar ao universo das músicas da Spidrax?

São inúmeras as nossas referências, então listaremos somente as principais: Musicalmente, temos muita influência de Misfits, Danzig e Motorhead.

Quanto a filmes, podemos listar as obras de George A. Romero (A Madrugada dos Mortos), Sam Raim (Evil Dead), Hideo Nikata (O Grito e O Chamado), Tobe Hooper (O Massacre da Serra Elétrica), John Carpenter (The Thing) e Hitchcock (Psicose).

Entre nossas referências literárias estão as obras de Edgar Allan Põe (O Corvo), Mary Shelley (Frankenstein), H.P Lovercraft (O Chamado de Cuthulhu) e Stephen King (Cemitério Maldito) e Quadrinistas como: Alan Moore (Watchmen), Junji Ito (Uzumaki) e Frank Miller (Batman the Dark Knight Returns).

Falando sobre seu mais recente trabalho, “Obituário” (2020), como foi o processo de composição e gravação e quem produziu o disco, visto que a sonoridade captada está muito boa e conseguiu transmitir bem a aura de horror presente nas letras?

Queríamos que esse álbum fosse uma volta às origens, buscando a sonoridade e a energia do Horror Punk clássico. As composições foram inspiradas nos sentimentos humanos, como medo, ódio, dor e luto. A interação com o sobrenatural também está presente nesse álbum.

A produção foi realizada por nossos irmãos Giulliano Vitale (Chandraya) e Hebberty Taurus (Ossos Cruzados).

A arte da capa ficou a cargo do talentoso Marcelo (Draw or Die). Como rolou a criação dessa ilustra? Vocês passaram o conceito do que desejavam, deram uma ideia do que gostariam, ou foi baseado somente nas músicas, poderiam nos dar detalhes sobre esse processo?

Somos grandes admiradores do trabalho do Marcelo Dod, e ter uma arte dele eternizada em um disco nosso foi uma honra muito grande pra nós. O disco descreve de uma perspectiva muito simples, comportamentos que ferem os princípios morais através de atos monstruosos. A arte da capa foi inspirada no filme The Thing, de 1982, dirigido por John Carpenter, assim como no longa metragem, nosso álbum abrange os sentimentos de paranóia, medo e desconfiança. Ou seja, se pudéssemos trazer essa obra para o mundo real, os verdadeiros monstros seriam aqueles que habitam a nossa mente, invisíveis aos olhos dos demais, aguardando o momento de se revelar.


Como tem sido a recepção da galera ao novo disco e quais as impressões da banda sobre isso?

 Lançar o disco nesse período em que estamos vivendo foi um risco que decidimos correr.

Nosso país está passando por um momento muito difícil, estamos sofrendo com a pandemia que se propagou em uma velocidade alarmante, além da crise econômica e política, onde a esperança de dias melhores tem se tornado algo distante.

Quanto ao novo álbum, ficamos muito surpresos com a aceitação do público. Foi muito massa ver compartilhamentos do nosso trabalho, feitos por pessoas que nem sequer conhecíamos. A banda recebeu muito feedback positivo, diversas mensagens de pessoas dizendo que se emocionaram com as letras, que curtiram a sonoridade, bem como a arte do álbum. Tem gente que nos manda mensagens cobrando material físico e isso tem sido muito gratificante pra todos nós.

Com o lançamento tendo sido realizado em meio a quarentena devido a essa pandemia, como funciona a divulgação do trampo sem o suporte de eventos?

Raramente uma banda independente recebe algum tipo de suporte no Brasil, aqui o artista Independente trabalha por amor, independente do alcance ou reconhecimento que almeja. Antes mesmo da pandemia, quase tudo sempre foi feito por nós, ou seja, se reinventar não foi uma opção e sim uma necessidade pra manter o sonho vivo. Seguimos na luta desde então.

Que saídas vocês tem encontrado em meio a essa situação e de que forma isso impactou a Spidrax?

No início foi bem difícil, somos uma banda que costuma fazer shows e eventos com muita frequência, amamos o contato direto com o público. De repente, aquele baque! Nada de ensaios, nada de shows, reuniões somente por vídeo conferência, eventos, gravações e compromissos cancelados. Foi uma loucura.

Como disse antes, não tivemos escolha a não ser nos reinventar. Por sorte as gravações haviam sido concluídas antes da pandemia, então o lançamento ocorreu sem problemas.

A cena do Horror Punk nacional possui nomes talentosos e vários representantes, quem vocês destacam dentro dessa cena que todos deveriam conhecer?

Dentre as bandas de Horror Punk nacional, podemos citar nomes de grande importância como a Ossos Cruzados, banda de SP com grande influência do Thrash, Hardcore e Crossover. Suas letras abordam temas clássicos e contemporâneos de horror, filmes B e lendas urbanas, com um leve toque de humor e críticas sociais subliminares muito bem colocadas em suas composições.

Podemos citar também a banda Viborah de SP, que mantém a representatividade feminina na cena. Na arte do horror, a figura da mulher muitas vezes é representada como uma vítima indefesa, porém, no universo da Viborah esse conceito não existe, pois aqui, o anjo da morte tem voz de mulher.

Finalizando com a Zumbi Holocausto, banda de Diadema- SP. Entre suas características estão a sonoridade e energia do Hardcore, incorporada a uma linha vocal melódica capaz de te transportar para o universo do horror de maneira viciante e visceral!

Mantendo nosso tradicional pedido em todas as entrevistas, poderiam nos dizer quais são os 5 maiores álbuns já lançados de todos os tempos segundo a Spidrax?

Nossas influências são muitas, porém dentro dos principais discos, podemos citar:

 Danzig- Danzig (EUA) 1988.

 How the Gods Kill - Danzig (EUA) 1992.

 Earth A.D. - Misfits (EUA)  1983.

 Motorhëad - Motorhëad (UK) - 1977.

 Master of Reality - Black Sabbath (UK) - 1971.

Álbum extra: O Espetáculo do Circo dos Horrores - Facção Central (BRA) - 2006.

Pra finalizar, gostaria de agradecer novamente pela atenção, parabenizar pelo ótimo trabalho lançado e reservar este espaço pra que mandem seu recado como bem entender, valeu!!!

Antes de mais nada, muito obrigado pelo espaço cedido, é sempre uma honra trabalhar com pessoas que assim como nós, possuem paixão pelo som do submundo.

 E galera, aproveitem esse período de quarentena pra se aventurar no Horror Punk, existem bandas fantásticas a sua espera.

E bora se cuidar, todas as medidas de segurança para que possam sobreviver a esse filme de terror real. E o mais importante: Não escutem o presidente!

Grande abraço!

HORROR VIVE!!!


OUÇA "OBITUÁRIO":

https://open.spotify.com/album/3Wgcvs0Oaf2ATFIDoSw6El?si=dN1ACrm_RMGP43xHSdF1_Q

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