sábado, 26 de maio de 2018

ENTREVISTA APTO VULGAR

É incrível a quantidade de bandas foda que surgem no Brasil em todos os seguimentos do underground, e nosso trampo aqui é claro, falamos sobre essas minas e caras que renovam e revigoram a cena e nos brindam com novos sons, esse papo de que o cenário tá fraco é balela, basta uma pequena pesquisa pra sacar uma dezena de bandas talentosas, e é bem esse caso que rola com a Apto Vulgar, com um full na praça e prestes a lançar um EP de inéditas, temos aqui mais um exemplo do nosso relato acima, conheçam novas bandas e movimentem a cena, não seja aquele cara cusão que fica falando merda de braços cruzados, cole nos rolês, consuma material independente e mantenha vivo o barulho que tanto amamos!! Com a palavra, Apto Vulgar!!!


Vocês estão na estrada desde 2012, poderia nos contar um pouco de sua trajetória, como surgiu a Apto Vulgar? 

Eu tinha uma banda chamada C.O.D. Ficamos sem guitarrista e o Giu(baixista na ėpoca) apareceu com o Dorg(guitarra) pra tocar com a gente. Depois de algum tempo, a banda acabou e eu fui convidado pra tocar na banda do Dorg, a Hellishness, que também tinha o Rafael(Mortão) baixista do Apto hoje! Apos alguns ensaios ja decidimoa que a direção que iamos seguir seria o Hardcore e com letras em português! Ai veio o nome Apto Vulgar

Todos na banda desde o inicio tinham a intenção de que a sonoridade a seguir seria o hardcore? Quais as bandas que serviram de referência pra que vocês quisessem tomar esse rumo?

Sim! O Hardcore sempre foi nosso estilo em comum! Nossas influências vieram de varias partes! Bandas de Hardcore/Punk como Black Flag, Cro-Mags, Dead Kennedys e do Metal como Anthrax, Megadeth e claro, as bandas nacionais como Ratos de Porão, Coléra, Claustrofobia, Paura entre outras 



O fator localização influencia na hora de arrumar eventos pra tocar, mas existe uma ótima cena no interior de SP, e além de ótimas bandas, ótimas iniciativas também, como os eventos da Soco na Fuça, que vocês vão participar em julho, poderiam nos falar um pouco a respeito disso?

Sim! Várias bandas fodas! Orgasmo de Porco, Hemattoma, Discorde!, Manger Cadavre, Corujas de Gotham, Brutal Disruption, Qi A Menos, Mitral HC e varias outras! Em julho vamos tocar pela primeira vez no Soco Na Fuça, com o Surra e Desalmado. Duas bandas que são referência pra nós! Além do pessoal do Soco Na Fuça que movimenta bastanta a cena aqui no vale, tem o Vale Punk, que também mantem o circuito de shows a bastante tempo aqui na região

A Apto Vulgar está em processo de gravação de um novo EP, que detalhes vocês poderiam nos adiantar sobre as faixas que estarão presentes nesse novo trampo?

Serão 4 músicas inéditas que vamos lançar ainda esse ano! As músicas continuam agressivas, mas diferentes das que estão no nosso primeiro disco. Gravamos no Estudio Toth com o Dan(Bullet Bane) e foi demais!!! Ficamos a vontade pra fazer as coisas como queriamos e isso foi importante pra que chegassemos satisfeitos ao resultado final! A Faixa A Cruz, vai ter o Dorg(Guitarra) no vocal.

Hoje temos várias bandas e coletivos no underground fazendo as coisas rolarem no faça você mesmo, através de parcerias e muito trampo, vocês acham que o senso de coletividade existente no meio punk/hc torna as coisas mais viáveis, uma vez que não rola aquele lance de concorrência e as bandas procuram se ajudar?

Com certeza facilita! Essa coletividade é a forma das bandas levarem seus ideiais em todo lugar! Isso vem crescendo e ganhando força, assim como os selos independentes, que vem dando suporte para que as bandas possam lançar o seu material. Nosso primeiro disco foi lançado pelo Bigorna Discos e hoje também temos o suporte do selo Helena Discos.

Falando um pouco sobre seu último lançamento, “Sistema não operacional”, como foi o trabalho de divulgação e como vocês enxergam os resultados alcançados com esse trampo?

Foi bom! O disco foi lançado em agosto do ano passado! Fizemos umas mini tour de lançamento! Foram shows fodas! Divulgamos bastante o trabalho, tocamos com varias bandas, conhecemos pessoas. Então foi tudo divertido! E isso automaticamente fez com que as pessoas notassem mais a banda. E os shows ainda estão rolando.



Sempre curto sacar as artes das capas dos discos que ouço e acho importante destacar a parte gráfica e os artistas que as projetaram, quem foi o responsável pela arte da capa do disco?

A arte foi desenvolvida pelo nosso amigo Pow(Powtergaist). Deixamos ele ouvir o disco, sugerimos algumas ideias e ele foi desenvolvendo. Pow acompanha a banda de perto faz tempo! Ficamos satisfeitos com trampo! Ele manda muito bem! Também contamos com o Matheus Soriano pra digitalizar a arte e montar todo o cd.



Vocês fizeram um clipe para uma das faixas de “Sistema não operacional”, “Euforia”, como foi gravar o primeiro clipe da banda e quem foi responsável pela produção e filmagem desse vídeo?


Foi muito foda e divertido! Euforia ė nosso primeiro clipe! A letra fala de drogas, de como o vicio ė atormentador pra quem ta dentro disso! Quem produziu o clipe foi o Danilo Ramos. Cara foda! Ele também ja era amigo da banda e abraçou essa ideia de Euforia. Esse clipe superou nossas expectativas! Ja estamos concluindo mais um video e em breve vamos lançar 



Sobre o novo EP, vocês incorporaram algum novo elemento a sua música, seguirá a mesma linha do full, o que vocês buscaram apresentar nessas novas faixas que vem por aí?


Estamos mais a vontade pra fazer coisas novas. As músicas estão mais trampadas, mais definidas,mas continuam agressivas! Buscamos influência de outras coisas que nós ouvimos, mas o hardcore ainda ta ali....mais vivo, rápido e barulhento!!! 

Seguindo nosso infame transtorno por listas, poderiam nos dizer quais os cinco melhores discos que já ouviram na vida?

Damage - Black Flag

Século Sinistro - Ratos de Porão

Vulgar Display of Power - Pantera

Claustrofobia - Peste

Stranger Than Fiction - Bad Religion

Pra finalizar, obrigado por falar com o Microfonia e deixo este espaço pra que deixe seu recado a todos que nos acompanham.

Gostaríamos de agradecer pelo espaço e apoio que o Microfonia tem dado a todos os artista que são do underground! E a todos que fazem a cena continuar viva cada vez mais!!! 

segunda-feira, 21 de maio de 2018

ENTREVISTA TRAGEDY GARDEN

Depois de um período de inatividade, o Tragedy Garden ressurge, e é uma imensa satisfação falar com esses caras, parceiros de longa data, e que pude acompanhar de perto a evolução da banda e construção de várias composições que integram os três EPs lançados por eles até aqui, com sua sonoridade densa e sombria eles conquistaram notoriedade no underground e fico feliz por retornarem com novos projetos e ideias e mantendo vivo o jardim da tragédia! Falamos com o núcleo original da banda que está de volta agora e eles nos contaram um pouco do que vem por aí, confiram!




Depois de um longo tempo entre mudanças de formação e hiatos, o Tragedy Garden retorna agora com seu núcleo criativo original. Quais os fatores que os levaram à esse retorno e o que vocês têm em mente para essa nova fase da banda?

Marcio Valério:
O retorno do Tragedy Garden foi algo que sempre acreditei, pois ralamos pra caralho e não seria justo que as coisas terminassem com tantas idéias à serem colocadas em prática.

Vitor Carnelossi: O Tragedy Garden tinha uma obra inacabada, acredito assim como eu, o Marcio e o Marcão tem algo totalmente pessoal com a banda.

Marcão: Todos na banda sabíamos que o retorno aconteceria, apenas não tínhamos por razões diversas o momento exato. Como o Vitor disse, algo inacabado esperava por nós.



Como tem rolado a química entre a banda durante os ensaios após a decisão desse retorno?

Marcio Valério: Além de parceiros somos grandes amigos, e isso facilita muito as coisas. Estamos muito felizes e satisfeitos com os rumos que as coisas estão tomando. Sentimos a força de como se estivéssemos começando agora.

Vitor Carnelossi: É impossível não ficar nostálgico com os ensaios. No Tragedy Garden sempre fui valorizado e tive grandes momentos no passado. Acredito que em breve possamos estar entrosados o suficiente para um show simbólico e ritualístico.

Marcão Azevedo: Logo no primeiro ensaio toda a atmosfera se fez presente. Trágica e agradável surpresa.


Tirando as composições presente em seus três EPs lançados até hoje, existe algum material que ficou de fora e vocês pretendem trabalhar e utilizar em um futuro material?

Marcão Azevedo: Sim. Temos um material inédito pronto sendo revisado , intitulado Inconditional Pain, que será dividido em dois EPs com inéditas e um cover cada um. 




Vi através das redes sociais que vocês vão lançar uma edição comemorativa de dez anos do ´´Follow The Insanity´´ (2008) – vai rolar alguns extras junto desse material?

Vitor Carnelossi: Na verdade sempre achei que o ´´Follow The Insanity´´ não tinha sido amplamente divulgado por algumas questões. Em 2008/2009 foi o advento dos downloads (em nossa região pelo menos) com a popularização total dos blogs com conteúdo para baixar. Foi algo que mexeu com a galera na época. Nós éramos uma banda que tínhamos vendas e contatos por cartas. A idéia do relançamento é algo que apresentei pro Marcio e pro Marcão, pois acredito que a arte gráfica não era boa o suficiente para o conteúdo disponibilizado em ´´Follow...´´, que possui uma característica densa e obscura. Contratamos um desenhista e mantivemos a idéia do conceito do Marcão (baterista/letrista), agora correspondida plenamente e aprovada por todos na banda. Existe uma possibilidade de uma edição física, com a música In Our Lives, do primeiro EP, Silent Symphony, como bônus. Vamos analisar a viabilidade disso, e confesso que gostaria de ver a contextualização desse projeto, em se tratando do meu instrumento (guitarra), pois é o melhor material que gravei até hoje, temos ótimas composições nele.


Nesses anos que passaram, várias características na forma de consumir música mudaram, a principal foi a ascenção das plataforma s de streaming, principal canal de divulgação atualmente. Existem planos para subir o material do Tragedy Garden neste formato?

Vitor Carnelossi: Sim, devemos disponibilizar todas as possibilidades de divulgação do nosso material, inclusive nas plataformas de streaming. Follow The Insanity foi repaginado para esse propósito. Esperamos em breve estar com o conteúdo disponível para audição. 




Os EP´s da banda sempre tiveram um conceito lírico bem definido, aprofundando uma temática ao decorrer das faixas, começando com Enemy Time que abordava questões sobre o tempo, seguindo depois para Follow The Insanity, que tratava sobre a insanidade. Isso se deu de forma natural ou já era intenção desde o início seguir um conceito?

Marcão Azevedo: A opção do conceitual é algo proposital. Não há nada, absolutamente nada, em todos os CDs que não tenha algum significado, desde a tonalidade das cores das capas, passando pelos encartes e letras. São significados que se completam.


Outro ponto que podemos perceber é na forma que essas abordagens foram feitas, de uma forma filosófica e bem introspectiva, poética eu diria. Existe alguma inspiração literária no momento de compor?

Marcão Azevedo: A linguagem metafórica e abstrata nos ajudam a transmitir nossa proposta, nossos sentimentos e o que pensamos. São ´´viagens´´ cada vez mais pesadas e profundas, principalmente no material que sucederá o ainda inédito Inconditional Pain.


Ainda dentro desse campo de inspirações, as marcas registradas da sonoridade da banda são os andamentos melancólicos e sombrios. De onde vieram as influências para seguir essa linha de composição e sonoridade?

Vitor Carnelossi: Recordo-me que quando a banda começou havia algumas intenções, principalmente em relação às letras tristes e profundas. Quando começamos à compor era aquele lance meio anos 90, sem aquela preocupação com padrões e velocidade. Tudo isso conspirou para flertarmos com o Doom, o Gótico e com o Heavy Metal. Todos na banda tem seu papel na sonoridade que adotamos.

Marcão Azevedo: A música que praticamos requer execução densa e sentimental. Por mais técnica que uma versão possa ser executada, soa plástica e mecânica se não tiver estas características. Esse conceito é bem apurado dentro da banda, onde nosso guitarrista Vitor Carnelossi sempre desempenhou este papel com maestria.;


Quais os próximos passos após o relançamento do ´´Follow...´´´? Veremos o Tragedy Garden em ação ao vivo novamente?

Marcão Azevedo: Sim, tocaremos ao vivo. É importante para a banda e para quem curte nosso som. A prioridade é ajustar o poder de fogo para reencontrar nosso público em alto nível, pois vocês merecem. Além da gravação dos capítulos I e II de Inconditional Pain, gravaremos um clip para a música Enemy Time; Estamos viabilizando camisetas do Enemy Time e patchs com nossa logo, e breve também camisetas com a capa comemorativa de Follow The Insanity. Nosso canal oficial está quase pronto e todas as plataformas digitais terão nosso material. Temos ainda um projeto complexo e audacioso, em absoluto sigilo, que assim que se confirmar nos comprometemos à avisá-los em primeira mão.


Mantendo nosso tradicional plágio à Roadie Crew, gostaria que listassem os cinco discos favoritos de todos os tempos:

Marcio Valério: Paradise Lost (Gothic), Sepultura (Arise), Annihilator (Alice in Hell), Slayer (South of Heaven) e Black Sabbath (Volume 04);

Vitor Carnelossi: Death (Symbolic), Dream Theater (Images and Words), Angra (Angel´s Cry), Amorphis (Tales from the Thousand Lakes), Paradise Lost (Gothic);

Marcão Azevedo: The Mist (The Hangman Tree), Pink Floyd (The Division Bell), Tristania (Widow´s Weeds), Sepultura (Arise), Angra (Angel´s Cry); 




Para finalizer, reservo este espaço para que deixem suas mensagens à todos que nos acompanham. Valeu!

Marcio Valério: Obrigado Evandro pelo espaço e oportunidade. Hail!!

Vitor Carnelossi: Obrigado Evandro! Muito grato pele espaço para o Tragedy Garden.

Marcão AZEVEDO: Valeu Evandro! Vida longa ao Microfonia Underground Blog e à todos os amantes da cultura underground e do rock e suas vertentes. Tragedy Garden agradece às suas perguntas inteligentes e ao espaço que nos propicia estar perto das pessoas que curtem nosso som. Up the Tragedies!!!